As bebidas açucaradas surgiram como um importante fator de risco, para o ganho de peso, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, gota (aumento do ácido úrico), dislipidemia, doença hepática gordurosa não alcoólica, (gordura no fígado) e certos tipos de câncer.
Bebidas açucaradas seriam qualquer bebida que contenha principalmente sacarose (açúcar), xarope de milho rico em frutose ou xarope de glicose, concentrados de frutas e mel que são adicionados às bebidas pelos fabricantes, estabelecimentos ou pelo próprio indivíduo.
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As bebidas açucaradas são consideradas a maior fonte de açúcar adicionado à dieta, por exemplo:
• 01 porção de 355ml de refrigerante fornece 35,0–37,5g de açúcar e 140–150 calorias;
• 01 porção de 200ml de suco industrializado tipo néctar de frutas pode conter 25 gramas de açúcar;
• 01 porção de 300ml chá mate industrializado pode conter 28 gramas;
• 01 porção de 200ml de achocolatado pode conter 28 gramas de açúcar;
Essas bebidas promovem o ganho de peso devido a adição de grande quantidade de calorias líquidas à dieta, aumento da glicemia e da insulina induzida pela rápida absorção de glicose e possivelmente, pela ativação do sistema de recompensa dopaminérgico, induzindo ao vicio alimentar e reduzindo a saciedade. Além disso a ingestão excessiva de frutose promove a produção de ácido úrico, acúmulo de gordura abdominal e hepática (no fígado).
Um importante estudo mostrou que a ingestão de uma porção ao dia de bebida açucarada foi associada a um risco 18% maior de Diabetes tipo 2.
Em crianças, a introdução precoce dessas bebidas pode ser potencialmente prejudicial, pois pode promover a preferência pelo sabor doce e alterar mecanismos de fome e saciedade nas crianças.
Você deve estar se perguntando, e se substituirmos o açúcar ou xarope de milho com alto teor de frutose por adoçantes?
Apesar de conter poucas calorias e nenhum açúcar, alguns estudos encontraram associações positivas entre a ingestão de adoçantes e o ganho de peso e os riscos de diabetes e doença cardiovascular. Os resultados ainda são conflitantes, mas os estudos apontam que a doçura intensa dos adoçantes artificiais pode condicionar uma preferência gustativa por doces. Além disso, os adoçantes estimulam os receptores do sabor doce e podem aumentar a resposta a insulina, podem exercer uma resposta de recompensa alimentar aumentada e causar alterações na microbiota intestinal.
E se substituirmos as bebidas açucaradas por suco de fruta?
Sucos de frutas naturais são considerados saudáveis, pois a maioria dos sucos contém vitaminas e fitoquímicos. No entanto, alguns sucos de frutas contêm quantidades de calorias e carboidratos semelhante as bebidas açucaradas. Resultados de alguns estudos nos Estados Unidos, sugerem que a ingestão de suco de frutas está associada ao ganho de peso e o risco de Diabetes, quando comparado ao consumo de frutas inteiras.
Então qual seria a melhor solução pra prevenção do ganho de peso e dessas doenças associadas?
• Em primeiro lugar priorizar a ingestão hídrica (ÁGUA);
• Uma ingestão hídrica em torno de 35 ml por quilo de peso ao dia. Ex.: para uma pessoa de 70 kg o ideal seria ingerir 2,450ml ao dia;
• Introduzir também chás variados não adoçados ao longo do dia;
• Água aromatizada (com canela em pau, gengibre, hortelã, cascas ou pedaços de frutas, cravo, etc.);
• Preferir sempre frutas ao invés do suco;
• Priorizar sucos naturais e com baixo índice glicêmico tais como: limonada, suco de acerola, caju, maracujá, pitanga, goiaba, morango e se possível adicionar couve, espinafre, salsa, capim santo, hortelã, cenoura, beterraba, capim santo, gengibre, módulos de fibras, sementes, proteínas em pó etc.;
• O açúcar pode ter vários nomes: evitar alimentos e bebidas adicionadas de sacarose, xarope de glicose, xarope de milho com alto teor de frutose, açúcar invertido, maltodextrina, glicose, glucose, maltose, dextrose.
E por fim, precisamos estimular, incentivar e cobrar cada vez mais políticas públicas e estratégias regulamentares para reduzir a ingestão e comercialização das bebidas açucaradas e bebidas alcoólicas, assim como, uma avaliação contínua destas políticas para avaliar sua eficácia ao longo do tempo.
Revilane Alencar
Nutricionista e doutora em ciências endocrinológicas - UNIFESP/EPM.