Aprendi com a vida que não devemos esperar por heranças ou prêmios ainda não concebidos. Que vivemos num mundo onde a luta principal deve ser, essencialmente, pelos nossos maiores e mais sonhados objetivos e ideais. Isso constrói a nossa própria história!
Aprendi que uma batalha, por menor que seja, quando enfrentada sem esforço não vale a pena, que não é um sonho realizado é, apenas, um triunfo sem glória. Que por maior que sejam as dores e necessidades elas são, sem dúvidas, menores do que o Deus que habita em nós. Aprendi também que a luta deve ser constante, que deve durar até o último minuto, para que assim a vida tenha sentido. Com isso, sempre estive ao lado dos que choram, consolando-os, alegrando-os e confortando-os, assim corria atrás da minha felicidade e da do próximo.
Por muitas vezes, dei colo, quando no momento, quem estava carecendo de um abraço e de uma palavra de conforto era eu, sempre procurando disfarçar minhas angústias, tristezas e desilusões, tentando superar as frustações. Chorei muitas noites olhando fotos ou ouvindo músicas que remetem a um passado bom, fazendo-me lembrar de quem já amei e fui amada, de quem me fez feliz e foi feliz com meu carinho, minha amizade e, sem dúvida, ajudaram na construção de variadas páginas da minha história de vida, por isso levavam-me a chorar de saudades.
Depois do melhor consolo e acalento, o de Deus, o pranto desaparecia, mas, mesmo assim, o medo chegava envolvendo-me em pensamentos negativos como o medo de perder um ente querido e, infelizmente, perdi os mais queridos, os que davam essência a minha vida: pai, mãe, irmãos e familiares em geral.
Sobrevivi a tudo, graças a Deus, assim, continuei e sigo na labuta diária. Muitas vezes também senti o coração acelerar e palpitar forte, mas eram reações relacionadas a uma exorbitante felicidade ao ver sorrisos sinceros de filhos e netos, transmitindo-me uma sensação enorme de realização pessoal, gerando uma enorme paz interior.
Pelos filhos e netos, também já dei risadas quando interiormente chorava. E nesses momentos, sentia o amparo da mão de Deus, sendo agraciada com o dom de transmitir força, coragem e amor em gestos como: um beijo, um forte abraço, uma oração e uma cantiga de ninar.
Aprendi e ensinei que para conquistar a felicidade não precisamos ter a pose de muitos bens matérias, basta saber que a felicidade esta nas pequenas ações e nas mais simples demonstrações de carinho, concebendo paz, alegria e amor.
Aprendi que como esposa, mãe, avó, amiga e professora, tenho que sorrir mesmo quando a vontade é de chorar, tenho que cantar quando a dor e a angústia está me consumindo. E assim, substituindo o choro pelo sorriso, e o gemido pelo canto, pude construir uma identidade própria de mulher decidida, forte e batalhadora, expondo isso para todos que me rodeiam, desmistificando concepções generalizadas, visando sempre à felicidade, às realizações e o amor mútuo.
Aprendi com a vida que pior do que a tristeza de não ter vencido, é a tristeza de não ter lutado e é por isso que Deus me dá tanta força para continuar lutando.
Sebastiana Fernandes de Amorim é natural da cidade de Maribondo (AL). Casada, graduada em História, com especialização em Docência para Ensino Superior, professora aposentada, escritora e tem dezoito livros pulicados, dos quais treze são destinados ao público infanto-juvenil. Já participou de várias antologias e foi homenageada em 2017 com a Comenda do Mérito Educativo Alagoano (Pelo Conselho Estadual de Educação). Em 2018 com a comenda Ilza Porto (Grupo Literário Alagoano), em dezembro de 2023 foi homenageada com as comendas Bernardino Nogueira de Lima (Pela Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro), núcleo em Maceió e com a comenda Anilda Leão, (Pelo Grupo Literário Alagoano) dentre outras.