Grupos religiosos de matriz africana celebraram, nesta terça-feira (2), os 104 anos da Quebra do Xangô. O evento aconteceu na Praça dos Martírios, no Centro de Maceió. O Xangô Rezado Alto, como é denominada a festa, reúne centenas de fiéis e acontece na mesma data em comemoração ao Dia de Iemanjá, chamada de "Rainha do Mar", pelos religiosos de matriz africana. O evento é realizado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).
O Xangô Rezado Alto é um protesto contra os ataques a terreiros ocorridos nos dias 1 e 2 de fevereiro de 1912, quando, em atos de intolerância, templos religiosos foram queimados e destruídos em Alagoas. Alguns líderes foram agredidos e outros mortos. Nessa época, os religiosos passaram a rezar baixo, sem os simbólicos e sonoros tambores africanos, de onde surgiu o nome Xangô Rezado Baixo.
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No evento, aconteceram apresentações culturais, intercaladas com discursos de líderes religiosos. Para o Pai Célio, da Casa de Iemanjá, a proibição e a violência vai além do aspecto religioso.
"Essa religiosidade latente envolve cultura e aspectos sociais incontestáveis. A intolerância acontece todos os dias, é preciso dizer nesses 104 anos e sempre, que chega de desrespeito".
O presidente da FMAC, Vinícius Palmeira, entende que a celebração é uma importante página da história caeté e que o evento é um momento em que os religiosos de matriz africana têm a oportunidade de expressar seus sentimentos e chamar a atenção da população para a prática da intolerância religiosa, não só para o Candomblé ou a Umbanda, mas para todas as outras religiões.
"É um momento que deve sempre ser levado a sério. É a memória desses grupos que também é nossa. O alagoano precisa entender isso. É a nossa história, é a tolerância viva", ressaltou.
