A agência Reuters divulgou nesta sexta-feira (1º) imagens do Tesla Model S envolvido no primeiro acidente fatal em um veículo semiautônomo, que tem uma espécie de "piloto automático" limitado. O caso aconteceu em maio passado, na Flórida, nos Estados Unidos, mas só veio à tona na última quinta-feira (30).
A Tesla diz que os sensores do veículo, que norteiam esse modo de condução chamado "Autopilot", aparentemente não detectaram que um caminhão fez uma curva para a esquerda, à frente do carro.
O motorista do Model S, Joshua Brown, de 40 anos, que estava sozinho, morreu na colisão. O condutor do outro veículo, um trator-reboque, não se machucou.
As imagens do Tesla destruído foram feitas pelo dono da casa em cujo jardim o carro foi parar após a batida, a centenas de metros do caminhão. Segundo o jornal local "The Levy Count", o teto do Modelo S foi arrancado quando o carro atingiu o caminhão.
"Eu não pude acreditar o quão longe ele veio, até chegar ao jardim da minha casa", disse Robert VanKavelaar em entrevista à rede de TV americana ABC.
O que é o 'Autopilot'
No sistema 'Autopilot' da Tesla, o carro assume o controle sob certos limites e regras, como a de que o motorista deve manter a mãos no veículo, para reassumir o controle a qualquer momento, se necessário.
Essa tecnologia, chamada de semiautônoma, seria um passo anterior à autonomia total, que é quando o carro terá controle completo durante toda a jornada, dispensando a atenção do motorista. Carros totalmente autônomos só existem em testes, mas ainda não são vendidos em nenhum lugar do mundo.
Segundo a Tesla, o "Autopilot" também está em fase de testes e os motoristas são avisados disso. Outras montadoras oferecem esse tipo de sistema, como a Volvo, no XC90 (veja teste do G1).
Vítima fez vídeo sobre sistema
Um mês antes do acidente fatal, o motorista postou um vídeo no YouTube (assista aqui) em que dizia que o "Autopilot" o salvou da batida em outro caminhão que tentou pegar a mesma pista em que o carro dele estava.
Brown gravou o momento em que o veículo se aproxima pela esquerda e o Tesla subitamente desvia para o lado, evitando a colisão.
Ele comenta, no vídeo, que apelidava seu carro de "Tessy".
A fama da Tesla
Apesar de ser uma pequena e relativamente nova fabricante de carros dos EUA, berço de grandes montadoras como General Motors, Ford e Chrysler, a Tesla ganhou fama rapidamente. Primeiro, por fazer apenas carros elétricos.
A estreia foi com o Model S, promovido como o primeiro esportivo elétrico do mundo.
Depois, no ano passado, veio o SUV Model X.
Em março último, a empresa lançou o que chamou de ser carro mais barato, o Model 3, que custa US$ 35 mil (cerca de R$ 110 mil na cotação desta sexta). E ainda disse que venderá o carro no Brasil.
Seu presidente-executivo é Elon Musk, um dos fundadores do Paypal e presença constante nas redes sociais, principalmente no Twitter, onde coleciona frases de efeito como: "Esta é a minha lição para tirar férias: férias irão matá-lo", postada depois que teve malária durante uma viagem de lazer.
Musk se inspira na Apple, de Steve Jobs, em sua relação com os clientes. Dispensa grandes concessionárias: as lojas não têm diversos carros em exposição, mas oferecem "aulas" sobre os carros e a tecnologia elétrica, para quem se interessar.
Barrada em certos estados
A empresa não trabalha com revendedores: os pedidos são feitos diretamente no site da marca. Por conta disso, a Tesla é proibida de vender carros em algumas regiões dos EUA que têm leis que obrigam a contratação de concessionárias.
Um deles é Michigan, onde ficam as principais montadoras do país, basicamente em torno da cidade de Detroit. Em janeiro último, a Tesla boicotou o Salão de Detroit, o mais importante dos EUA, por conta dessa barreira.