O cansaço é inevitável. Mas, no último dia de uma maratona dentro da piscina, Daniel Dias usa o pouco do fôlego que lhe resta por uma marca histórica. Em busca do recorde de 24 medalhas em Jogos Paralímpicos, o brasileiro, que tem 22 no total, garantiu lugar em mais uma final no Rio de Janeiro. Na manhã deste sábado, o nadador avançou à decisão dos 100m livre S5 com o melhor tempo, de 1m15s08, e vai brigar por um lugar no pódio a partir das 17h30.
Na prova, Clodoaldo Silva foi à água na primeira bateria. Saiu dela com a terceira marca, de 1m20s16, e a vaga na decisão com o sétimo tempo no geral. Daniel entrou na piscina na sequência. Soube preservar seu ritmo e dominou a sessão desde o início até fechar com o melhor tempo da manhã, soberano sobre os rivais.
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Na noite de sexta-feira, Daniel conquistou a terceira medalha de ouro nos Jogos do Rio, mas admitiu o cansaço no fim da maratona de provas. Já são sete pódios na competição e 22 nas três Paralimpíadas que disputou. A soma o coloca em segundo lugar no ranking de medalhistas da natação entre os homens. Caso nade o revezamento 4x100m medley até 34 pontos - disputa que encerra a modalidade na Paralimpíada - e suba ao pódio nesta prova e nos 100m livre, Daniel ultrapassaria o líder australiano Matthew Cowdrey, que tem 23 e não disputa esta edição.
Ao final da prova, como de costume após as eliminatórias, Daniel não quis falar. Clodoaldo, por outro lado,não só falou, como chorou. Mito da natação paralímpica, o Tubarão, como é chamado, disse ter resolvido nadar prova para poder adiar um pouco mais a aposentadoria.

- Quando cheguei na Paralimpíada já sabia que tinha um tempo de validade para me aposentar, mas não estava pensando nisso. Só que de ontem para hoje.... (se emociona e fica em silêncio um tempo). É até complicado falar porque está chegando o final. Mas foi uma escolha minha. As lágrimas não são de tristeza, mas felicidade. Mas dói. Que bom que pude nadar os 100m livre, que eu pude passar para a final e prorrogar um pouco essa aposentadoria. Estou feliz da vida, mas com aquela dor no coração de saber que da noite não passa. O que me acalenta o coração é terminar a prova, fazer meu melhor e ter o pensamento do dever cumprido - afirmou.
OUTROS BRASILEIROS
Adriano de Lima e Talisson Glock foram os primeiros brasileiros na piscina na manhã deste sábado. Os dois, porém, não tiveram muita sorte. Adriano foi o sexto da primeira bateria, com 1m15s13; Talisson, o quinto da terceira sessão, com 1m12s52. Nos 50m livre S12, porém, Thomaz Matera garantiu seu lugar entre os finalistas ao marcar o oitavo tempo geral, com 25s07.
- Eu estava com o décimo tempo e consegui melhorar duas colocações. Estou muito feliz de ter passado à final. Estou bem satisfeito, foi acima do esperado ir a tantas finais, já que minhas melhores provas são as de 100m. Nos 400m consegui, 50m também, então foi melhor do que esperava. Estou bem feliz - disse Thomaz.
Logo depois, Raquel Viel marcou 31s87, nono tempo no geral, e ficou fora da final nos 50m livre S12. Na mesma prova, mas na classe S4, Patrícia dos Santos teve um resultado melhor. Fez o segundo tempo de sua bateria, o quinto no geral, e vai brigar por medalhas à noite.
Nos 100m livre S5, Joana Silva também garantiu seu lugar na briga por medalhas. A nadadora marcou o segundo melhor tempo da primeira bateria, com 1m24s57, e a quinta marca no geral.
- Falei com a minha filha depois da prata, me deu um pouco mais de confiança. A saudade passou de 1000% para 80%. Mas recarregou minhas energias. Estou bem para a prova, bem focada, e vamos para a tarde. Fiquei muito satisfeita, foi o melhor tempo da minha vida, então não tenho do que reclamar - afirmou Joana.
Último brasileiro a ir para a água, Felipe Real não conseguiu ir à decisão dos 200m medley SM14 com o tempo de 2m23s06, sexto de sua bateria e 17º na classificação final.