Você, pai ou mãe de criança ou adolescente, conhece a "brincadeira" chamada Baleia Azul? Sabe se o seu filho está participando do desafio que pode resultar em morte? O jogo, que estimula o suicídio, teve início na Rússia, passou pela a Europa e pode ter chegado a Alagoas: "É o Blue Whale Challenge". Diariamente, as crianças recebem os desafios por meio de um tutor digital, que ninguém sabe quem é. Mães alagoanas se mostram preocupadas com as consequências da brincadeira.
A servidora pública do estado de Alagoas Desirrié Amaral tomou conhecimento há alguns dias que sua filha, de apenas 11 anos, estava participando dos desafios.
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Por meio de conversas no aplicativo Whatsapp, a mãe teve acesso a fotos, relatos e diálogos dela com as amigas, que se mostraram interessadas em inciar o perigoso jogo. São, ao menos, 50 passos que os desafiantes têm que cumprir até chegar ao final.
"A gente só percebeu que havia algo errado após tomar conhecimento das conversas que ela matinha com algumas amigas em um grupo da escola onde estuda. Fomos juntando as peças do comportamento. Até então eram ações diárias de crianças que passavam despercebidas por nós. Depois disso, ofertamos ajuda psicológica para entender o porque de se desafiar e colocar a própria vida em risco", considerou a servidora, que se juntou a outros pais para alertar os demais sobre os riscos.
No começo, as tarefas dadas são mais simples: desenhar uma baleia em uma folha, passar a noite em claro ouvindo música triste ou vendo filme de terror. Depois, elas vão ficando mais perigosas: os participantes são ordenados a tatuar uma baleia no braço, feita com uma faca ou uma lâmina de barbear. Entre as tarefas passadas por um tutor, eles também são comandados a insultar os pais, mutilar-se nos lábios e, enfim, no 50º desafio, atentar contra a própria vida.
"No caso da minha filha, ela desenhou a baleia com um caneta de tinta vermelha e relatou, também, que não conseguiu se ferir com um faca. Mas, tudo isso acabou indo para os grupos de conversas com amigos e fotos foram publicadas nas redes sociais. Ou seja, estimulando outras crianças. Eu não acredito que quem participa deseje se matar, mas eles não têm ideia de que a ação pode acabar em morte. É uma situação que precisa ser discutida com pais e profissionais da área", expôs Desirrié.
Após ter descoberto que a filha participava dos desafios, Desirrié retirou o telefone, mas disse acreditar que este não é o melhor caminho para reverter. "Existem aplicativos que monitoram todos os recursos utilizados pelas crianças. Além de ofertar o apoio necessário, vamos também usar as ferramentas a nosso favor, naturalmente. As crianças não enxergam o ato como algo perigoso, mas, sim, uma brincadeira", reforçou a servidora, acrescentando que deseja descobrir quem é o "tutor do desafio".
Os participantes dessa prática cumprem uma tarefa por dia. A lista do que fazer é entregue aos poucos por uma espécie de tutor, quase sempre o administrador de uma página secreta no Facebook. A todo momento, eles são avisados de que este é um jogo sem volta. Na Rússia, ao menos uma pessoa foi detida por envolvimento nesse esquema suicida. Em alguns casos, quando os adolescentes chegaram à reta final dos desafios, eles trocaram a foto de capa do perfil na rede social por uma imagem de uma baleia azul.