Em um esforço para tentar acabar com o mal-estar político gerado nesta semana com o DEM, o presidente Michel Temer recebeu no início da noite desta quarta-feira (19), no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O encontro é o segundo entre os chefes do Executivo e do Legislativo em menos de 24 horas.
Por volta das 20h30, logo depois da audiência no Planalto, os presidentes da República e da Câmara se encontraram novamente, desta vez para um jantar no Palácio do Jaburu, no qual a tensão política na relação entre PMDB e DEM voltou à pauta. Lideranças nacionais do DEM, como o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ministro da Educação, Mendonça Filho, também foram chamados para o jantar.
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A segurança nos arredores do Jaburu foi reforçada. Além disso, a via que leva à residência oficial de Temer foi bloqueada. Apenas convidados tiveram acesso à portaria principal do palácio.
O encontro terminou por volta das 22h30 e nenhum dos presentes ao jantar falou com a imprensa ao deixar o Palácio do Jaburu.
A pauta das conversas é o desconforto político que teve início nesta terça (18) no momento em que Temer entrou em campo pessoalmente para tentar dissuadir dissidentes do PSB que haviam sido convidados a se transferir para o DEM.
Maia e outros caciques do DEM vinham negociando a migração para a legenda dos deputados do PSB que estão insatisfeitos com as posições da direção do partido. Embora ainda ocupe uma cadeira na Esplanada dos Ministérios, o PSB decidiu recentemente deixar a base de apoio ao governo federal e se declarou oposição.
Na tentativa de barrar a diáspora de deputados do PSB para o DEM, Michel Temer foi na manhã desta terça ao apartamento da deputada Tereza Cristina (MS) - líder da bancada socialista na Câmara.
A própria parlamentar relatou que, durante o encontro, o presidente da República colocou o PMDB à disposição dos parlamentares insatisfeitos do PSB. O assédio de Temer sobre os dissidentes socialistas irritou Maia e outros líderes do DEM.
Após vir à tona a insatisfação de Rodrigo Maia com a ofensiva peemedebista, Temer foi pessoalmente, na noite desta terça, à residência oficial do presidente da Câmara para se explicar ao aliado político.
No comando da Câmara, cabe a Maia analisar os pedidos de impeachment apresentados contra o chefe do Executivo federal.
Além disso, o parlamentar do DEM é, atualmente, o primeiro na linha de sucessão da Presidência da República. Ou seja, na eventualidade de Temer deixar o Palácio do Planalto, Maia assumiria interinamente a chefia do país.
O nome do deputado fluminense também é cotado como um dos favoritos em uma eventual eleição indireta, por meio do Congresso Nacional, para escolher um substituto para Temer, na eventualidade de o peemedebista não concluir o mandato que se encerra em 31 de dezembro de 2018.
Bombeiros políticos
A operação deflagrada dentro do Planalto para tentar conter os danos políticos da tentativa de atrair dissidentes do PSB movimentou ministros palacianos.
Responsável pela articulação política do governo federal, o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), afirmou na noite desta terça, ao final do jantar entre Temer e Maia, que a conversa foi "amena e afável".
Em entrevista nesta quarta ao repórter da GloboNews Valdo Cruz, Rodrigo Maia disparou contra o Palácio do Planalto. O deputado do DEM disse que pessoas em torno de Temer falam "demais" e criam "crise que não existe" (assista ao vídeo acima).
"Esse problema dos deputados do PSB foi um problema que não foi criado aqui. Eu tenho conversado com os deputados do PSB há muitos meses. O presidente Michel Temer sabe disso. Ontem [terça], teve esse movimento. Eu acho que tem muita gente no entorno do presidente falando demais. E falando em off, que é ruim. E acaba gerando crise onde a crise não existe. Então, da minha parte, nunca teve problema", enfatizou Maia.