Como a maioria dos atletas brasileiros, Ediglydson da Silva Oliveira teve que soar a camisa para se sobressair nas artes marciais. Aos 39 anos de idade, o alagoano multicampeão no judô e no jiu-jitsu agora sonha com o lugar mais alto do pódio em um novo esporte: a luta greco-romana. E para conhecer um pouco mais deste esporte, aGazetawebresolveu acompanhar um dia de treinamento de quem "se vira nos 30" para conciliar a entusiástica rotina de atleta, educador físico e pai de família.
Inspirada nas formas de disputa da Grécia e Roma antigas, a modalidade foi criada pelos franceses no século XIX. Nela, além de os lutadores só poderem usar os braços para derrubar o oponente, são permitidos apenas golpes da linha da cintura para cima, diferentemente do que ocorre à luta livre, na qual o atleta tem a liberdade de usar qualquer parte do corpo para atacar e defender.
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Em março deste ano, Ediglydson sagrou-se vice-campeão brasileiro de luta greco-romana, feito que lhe rendeu uma convocação para representar o Brasil no Campeonato Sul-americano, que será disputado no Rio de Janeiro, no próximo dia 21 de novembro. À Gazetaweb, o atleta revelou que está confiante na conquista de seu primeiro título internacional na modalidade.
"Apesar de saber que a disputa vai reunir grandes atletas de vários países da América do Sul, acredito em um bom resultado no Rio de Janeiro. Estou me preparando bem, Treino três vezes por semana porque quero a medalha de ouro. Fácil não será, mas estou confiante", afirmou.
Apaixonado por luta desde criança, Ediglydson subiu ao tatame pela primeira vez aos oito anos de idade, quando já influenciado pelo pai a praticar o judô. E entre as diversas conquistas já alcançadas estão os 22 títulos de campeão alagoano, além do hexacampeonato brasileiro em sua categoria.
Não demorou muito e o judoca partiu para outro esporte, na tentativa de alçar voos maiores. Aos 19 anos, foi a vez de se descobrir no jiu-jitsu, que logo o conquistou. Também faixa preta, o atleta também ajudou a elevar o nome de Alagoas no cenário da modalidade, sagrando-se seis vezes campeão mundial e duas vezes campeão dos Jogos Pan-americanos.
Vencedor dentro e fora do tatame
Já em 2005, quando ainda trabalhava 12 horas por dia como vigilante, Ediglydson passou a dividir seu tempo livre com os estudos, dedicando-se à educação física. Orgulhoso, ele conta como foram os cinco anos "de luta fora do tatame".
- Era uma verdadeira correria. Eu trabalhava diariamente das 7h às 19h e, ao sair do emprego, ia direto para a faculdade. Meus treinamentos passaram a ser nos dias e horários em que eu tinha folga no emprego. Muitas vezes, ao invés de descansar em casa, eu preferia relaxar treinando (risos).

Atualmente, Ediglydson também é professor de artes marciais em sua academia, no bairro do Pinheiro, na parte alta de Maceió, e ainda trabalha como motorista do aplicativo Uber. Sempre com um sorriso no rosto, ele fala do sentimento de poder celebrar tudo aquilo que semeou após tantos percalços.
- Hoje, posso dizer que sou um cara feliz. Graças a Deus, consegui terminar um curso de formação superior pelo qual sempre tive afinidade. E já com 39 anos, sou professor, tenho minha própria academia e, o que é o mais importante, ainda consigo competir em alto nível.
Determinado a faturar o ouro no Sul-americano de greco-romana, em novembro, o atleta tem treinado incessantemente, tendo o apoio de 20 colegas lutadores, no Estádio Rei Pelé. Além disso, também reserva o que ainda lhe resta de tempo para aprimorar sua técnica no jiu-jitsu, a fim de ampliar seus recursos e, com ele, continuar surpreendendo os adversários.