A caloura do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) que ficou ferida por solução química, durante recepção aos novos alunos da instituição, na última sexta-feira (16), falou à
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sobre o ocorrido. A mãe da estudante fez Boletim de Ocorrência (BO) e cobra punição aos agressores.
"Eles estavam com máscaras e luvas e em garrafinhas transparentes havia um líquido avermelhado. Quando apertavam a garrafa saía um jato do líquido", lembrou a caloura, que foi atingida no olho pela solução, ressaltando que os agressores estavam disfarçados por máscaras e protegidos com luvas.
"A oftalmologista disse que poderia ter havido um derrame no meu olho. Ele estava doendo, ardendo e eu estava sentindo muita dor de cabeça. Eu poderia ter ficado cega", completou a caloura, que preferiu não ser identificada.

A tal solução vermelha é popularmente conhecida como "Sangue do Diabo", que é uma mistura de hidróxido de amônio, etanol e fenolftaleína. Geralmente, é usada em brincadeiras, onde o líquido vermelho, se despejado em tecido, fica com uma grande mancha, que em poucos minutos some.
Outras duas alunas também falaram àTV Gazetasobre o ocorrido. "Eu tive manchas vermelhas na pele, tontura, ânsia de vômito, pressão baixa e o coração lento", disse a caloura Joannaglayce de Almeida.
Já a caloura Nathália Caylane disse sentir revolta pela morosidade da instituição para adotar alguma medida de punição aos responsáveis pelo trote. "É revoltante saber que esses alunos continuam na instituição e que continuam agindo como se nada tivesse acontecido", reclamou.

Até então, o Ifal identificou 10 agressores, sendo que quatro deles foram pegos em flagrante. Segundo a instituição, eles são do 3° ano do curso de Química.
De acordo com diretora geral do Ifal, Jeane Agostinho, o uso de substâncias químicas fora da sala de aula é uma situação gravíssima, e os alunos responsáveis pelo ato podem chegar a ser expulsos.
O Instituto Federal de Alagoas se pronunciou sobre o assunto por meio de nota. Confira:
Nota de esclarecimento
Tendo em vista os fatos ocorridos na última sexta-feira, dia 16/03/2018, no Ifal Campus Maceió, onde existiram episódios de trotes violentos a estudantes, a gestão do Ifal Campus Maceió informa que, ao tomar ciência dos fatos ocorridos, direcionou pessoal para monitorar o pátio do Instituto. Cabe esclarecer que os fatos ocorreram em uma sala de aula do bloco de Química. A gestão atendeu e acompanhou prontamente as alunas no setor médico. Os pais foram comunicados. Uma das alunas atingidas foi levada à Unidade de Pronto Atendimento - UPA e outra aluna aguardou a mãe no setor médico para levá-la ao Hospital UNIMED. Enquanto aguardava, teve toda assistência médica. Também há relatos discentes de fatos de agressão ocorridos em ônibus escolar e no entorno do Campus, que também estão sendo apurados.
A gestão do Ifal Maceió repudia veementemente todos os fatos ocorridos e reafirma o compromisso com a comunidade acadêmica e a responsabilidade sobre a apuração dos fatos. Os responsáveis pelos atos de agressão foram identificados e responderão de acordo com os normativos discentes, visto que trotes e calouradas são proibidos pela Portaria nº 24, da Direção Geral do Campus Maceió, de 12 de fevereiro de 2016, que prevê a penalidade de expulsão de transgressores. A gestão do campus reforça também que a prática de trote é forma de constrangimento tipificada como crime pelo artigo 186 do Código Penal, e que providências sobre o caso também serão solicitadas a autoridades competentes.
Pedimos desculpas pelos transtornos, e agradecemos pela atenção.
Atenciosamente,
Gestão Ifal Campus Maceió