Uma nova reunião, agendada para o dia 2 de maio, deve propor um acordo entre auxiliares e técnicos de enfermagem e a direção dos hospitais de Alagoas sobre aumento salarial e implantação da nova jornada diurna de trabalho. Na manhã desta sexta-feira (20), as partes se reuniram na Procuradoria Regional do Trabalho (PRT), em Maceió, mas estes pontos ainda estão em divergência.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Alagoas, Glauco Monteiro Cavalcanti Manso, explicou que as negociações visam firmar o termo de convenção coletiva de trabalho desta categoria específica. Um dos pontos que ainda restam acordo - e o mais polêmico - é a implantação da jornada diurna de 12x36 horas, negada pelos trabalhadores.
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Segundo a entidade patronal, esta carga horária de trabalho já está sendo implantada em outras unidades da Federação e só é possível, agora, com as mudanças na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], com a reforma trabalhista, já em vigor no Brasil. "Só queremos que a lei seja cumprida, embora estão abertos para negociar e tentar um entendimento com os técnicos e auxiliares de enfermagem", afirmou.
Representante dos trabalhadores, Mário Jorge dos Santos Filho, do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no Estado de Alagoas, disse que esta jornada proposta pelos hospitais danosa à categoria. "Vai elevar, e muito, a nossa carga horária de trabalho. Se já trabalhamos até 144 horas por mês, com a mudança vamos ter que ficar no hospital até 190 horas todos os meses", revela.
"Além disso, esta jornada diurna requer um novo procedimento para descanso e acomodação dos trabalhadores e as unidades hospitalares não possuem estrutura suficiente para adequação. A categoria rejeitou esta proposta em assembleia e não temos como fazer um acordo com os donos dos hospitais", avalia Mário Jorge.
Além deste ponto divergente, os profissionais pedem 10% de reajuste nos salários, porém ouviram a negativa dos patrões, que ofereceram 3%.
A procuradora do Trabalho Adir de Abreu pediu que as partes de reunissem - será na próxima terça-feira - e depois apresentassem os argumentos em uma outra audiência, marcada para o dia 2 de maio, na PRT/AL.
"O sindicato deve regrar este trabalho, caso esta jornada seja mesmo implantada. As condições do trabalhador precisam ser avaliadas. Entendo que a jornada de 12 horas é exaustiva, mas há uma previsão na nova legislação", avalia. Segundo ela, essa reclamação é um reflexo das mudanças implantadas no Brasil a partir da reforma trabalhista, criticada por ela.