O Ministério Público Estadual da Paraíba denunciou à 4ª Vara Criminal de João Pessoa, nessa quarta-feira (20), 17 pessoas acusadas de integrar um esquema de manipulação de resultados no futebol paraibano, desbaratado com a Operação Cartola. Na denúncia, o nome do árbitro alagoano Francisco Carlos do Nascimento, o Chicão, não aparece entre os suspeitos.
O árbitro alagoano foi citado pela Polícia Civil da Paraíba ao longo das investigações sobre suposto esquema de compra de resultados durante o campeonato estadual deste ano. Chicão chegou a apitar o primeiro jogo da decisão do Paraibano, entre Botafogo e Campinense.
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Conforme a investigação, a manipulação beneficiaria dirigentes de times, funcionários da Federação Paraibana de Futebol (FPF) e do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba. Nesta quinta-feira (21), a Federação Alagoana de Futebol (FAF) emitiu uma nota sobre o caso, comemorando a notícia e afirmando esperar que, a partir de agora, Chicão volte a comandar jogos do Campeonato Brasileiro com a devida frequência.
ÀGazetaweb, Chicão disse ter ficado aliviado com a notícia, garantindo que o episódio não vai prejudicar sua carreira. "Contei com o apoio de todos e não deixei de treinar em nenhum momento [durante o período em que esteve afastado]. Inclusive, perdi seis quilos [no intervalo de 35 dias]. Esta foi a última dor de cabeça da qual me livrei", desabafou o árbitro, que espera já ser lembrado nos próximos sorteios e, com isso, voltar a atuar profissionalmente.
Confira, abaixo, a íntegra da nota da FAF:
"A Federação Alagoana de Futebol por meio da Comissão de Arbitragem CA-FAF, vem por meio desta, esclarecer e informar que a Operação Cartola realizada no estado da Paraíba teve seu relatório final concluído, com indiciamento de algumas pessoas, mas nessas "NÃO" estavam presentes nenhum profissional do nosso estado.
Desde o início, solicitamos que qualquer profissional do nosso quadro que fosse citado, que colaborasse e se colocasse a disposição das autoridades paraibanas.
Vale ressaltar também, que em todos os momentos, demostramos a importância da operação, e da condução de todos os procedimentos realizados pelas autoridades de segurança daquele estado, no sentido de que todos os fatos fossem apurados e esclarecidos, como foram.
Portanto, continuaremos trabalhando forte em busca de uma arbitragem moderna e de qualidade, apoiando e confiando sempre em todos os integrantes do nosso quadro de árbitros, até que de forma oficial, possa vir ser provado o contrário
Maceió, 21 de Junho de 2018.
CA-FAF"
Entenda o caso
Chicão teve seu nome citado numa interceptação telefônica durante conversa com o presidente do Campinense, William Simões, antes da primeira partida das finais do Campeonato Paraibano. O material mostra que o dirigente teria tentado assediar o árbitro para que este favorecesse a Raposa no duelo contra o Botafogo-PB.
A negociação em torno de uma partida, segundo as investigações, chegava a render até R$ 50 mil ao árbitro "comprado". Foram mais de 100 mil conversas de 115 telefones monitorados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. O escândalo foi tema de reportagem do Fantástico e levou a CBF a suspender todos os árbitros da Paraíba.