Ele é carioca, negro, vindo da favela. E também tem dois filhos alagoanos. Esse é o perfil de David Miranda (PSOL), de 33 anos, suplente que assume a vaga deixada pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL) no Congresso Nacional. Eleito pela terceira vez, Wyllys decidiu abrir mão do mandato depois de sofrer ameaças.
Junto com o jornalista americano Glenn Greenwald, com quem é casado, Miranda obteve em 2017 a guarda legal de João Vitor, à época com 10 anos, e do irmão dele, Jonathas, com oito, que saíram de Maceió e foram morar com o casal no Rio de Janeiro. A adoção aconteceu em outubro e foi oficializada seis meses depois.
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"Sou pai! Tem bastante tempo que queria crescer essa família! Hoje finalmente meus moleques estão indo para casa com a gente. Somos os guardiões legais de duas criaturas magníficas", afirmou, em postagem em suas redes sociais na ocasião, o agora deputado federal.
Ele falou ainda sobre os meninos, que antes de serem adotados passaram três anos em um abrigo. "João Victor tem 10 anos, joga muita bola e gosta do Messi. Sabe muito de matemática e é um dos moleques mais educados que eu já vi na minha vida! Jonathan tem 8 anos, está aprendendo inglês muito rápido e tem jeito para jogar tênis! E sabe aquele moleque bagunceiro, com aquela risada mais sapeca do mundo? Isso é só um pouquinho que posso falar dos meus filhos maravilhosos!".
Glenn também comemorou. "Na maior parte da minha vida adulta, nunca esperei escrever um texto com esse título [A beleza da adoção], pelo menos que se aplicasse a mim. Mas é isso que estou experimentando, da maneira mais vívida possível, enquanto meu marido, David Miranda, e eu completamos nossa adoção de duas lindas e incríveis crianças", escreveu.
Assim como o americano, David Miranda também é jornalista e trabalhou ativamente junto com Greenwald nas revelações dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, efetuados pela Agência de Segurança Nacional. Eles são casados há 13 anos e, ativista LGBT, o carioca nascido no Jacarezinho foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro.
Jean Wyllys
Eleito pela terceira vez para o Congresso Nacional, Jean Wyllys anunciou na quinta-feira (24) que abandonará o cargo por medo de ser morto. Ele afirmou ainda que deixará o Brasil para se dedicar à vida acadêmica em outro país. Tanto ele quanto David Miranda eram amigos da vereadora assassinada Marielle Franco.
"Estou triste, porque Jean era um grande companheiro de partido e representou muito bem a plataforma LGBT no Congresso. Mas encaro como um desafio. Depois do assassinato de Marielle, no ano passado, colocamos nossos corpos na luta. Estou disposto a enfrentar essa máfia do Congresso Nacional, principalmente essa família Bolsonaro", disse o carioca.
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