Para ter sucesso e dar uma guinada na vida, a criatividade é um elemento que tem um peso considerado como grande. Por isso, o ato de pegar leite, ovos, açúcar, margarina e a farinha de trigo e 'jogar' tudo dentro de um liquidificador para construir uma massa de pizza, que é levada ao forno e depois recheada, não é mais o mesmo para a empresária Alexandra Aline.
Há dois meses, ela tirou a "Pizza do Marcelo" do estabelecimento físico e começou a ganhar os semáforos das avenidas da parte alta de Maceió, em Alagoas, ao vender pizzas de tamanho médio e com preço acessível para os condutores que estão apenas passando pelo local ou voltando do trabalho.
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Iniciativas como essa, que são vistas como 'trabalho por conta própria', beneficiou o sustento de 25,4% dos brasileiros, em 2018, de acordo com o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda conforme a pesquisa, no mesmo período, o Brasil registrou 11,2 milhões de empregados informais no setor privado e 23,3 milhões de pessoas trabalhando como chefes de si mesmos. Os números são reforçados pelo fato de que a empresa já possui 10 funcionárias, que ficam separadas por cinco pontos de vendas.
ANTES DO FORNO
A ideia de vender pizzas nos semáforos de Maceió já vinha sendo 'fermentada' na cabeça da proprietária há muitos meses. Segundo Aline, que possui uma pizzaria e tem a nova iniciativa como uma extensão do negócio, tudo começou com a vontade de comercializar produtos bons e com preços acessíveis.
"Muitas vezes eu tava com fome no trânsito e o pessoal passava com água, pipoca ou amendoim. Eu pensava: 'não tem ninguém com pizza'. A partir daí, eu fiquei pensando e comentei com um amigo meu. Depois pesquisamos na internet, mas o assunto 'morreu'", disse.

Em seguida, ainda de acordo com ela, um familiar de Pernambuco veio para fazer uma visita. No momento, ele recomendou que colocasse o projeto em prática, pois a capital Recife é 'recheada' de vendedores nos semáforos das avenidas mais movimentadas.
"Depois disso, pensei: 'será que vai dar certo? acho que o pessoal não vai querer'. Eu imaginada que eles iam ficar com medo de onde veio [a pizza], se é boa, se é limpa ou se é feita com higiene. Mas, depois de um tempo, me juntei com um amigo, pensamos direito e fizemos um teste. Começamos a vender cinco pizzas, depois sete. Logo após, aumentamos para 10 ou 15 e foi dando certo", explicou.
Atualmente, a iniciativa conta com cinco pontos de vendas divididos no bairros Benedito Bentes, Santa Lúcia, Antares, Eustáquio Gomes e próximo ao conjunto Henrique Equelman. Com isso, a empresária informou que já chegou a ter 200 pizzas vendidas por dia e que o objetivo é continuar expandindo.
PIZZA POR R$ 10
Em um trecho da Avenida Durval de Góes Monteiro, na parte alta de Maceió, duas funcionárias da "Pizza do Marcelo" estavam paradas dividindo a direção do olhar entre os veículos e a luz verde que chamava atenção no alto. Elas esperavam o semáforo acender a luz vermelha novamente para dar início a mais uma rodada de vendas.
Uma delas é Bruna da Silva, de 20 anos, que está nos sinais desde os primeiros passos do negócio. Ela caminha entre um carro e outro com duas pizzas na mão e vendendo-as por apenas R$ 10. No momento, o cliente pode escolher entre os sabores frango e calabresa ou, se desejar, pode levar para casa o famoso "a metade de um e a metade de outro."

Os produtos são feitos na casa da proprietária Alexandra Aline por outras quatro pessoas e depois ficam guardados em uma caixa térmica, no canteiro central que divide os dois sentidos da avenida, para preservar a temperatura da comida. Sendo assim, quando as duas são vendidas, ela volta e pega mais para substituí-las.
A funcionária também ressaltou que os locais escolhidos para serem os pontos de vendas são consideravelmente movimentados e, por isso, ela começa a trabalhar por voltas das 15h e segue até vender quase tudo. "O movimento aqui é muito bom. Dependendo do dia, a gente vende umas 30, 50 ou até 70 pizzas", revelou.
O motorista Marcos Araújo, que passa pela Avenida Durval de Góes Monteiro todos os dias, frisou que a ideia beneficiou as pessoas que moram nas novas casas ou condomínios na parte alta de Maceió. "Quem larga de 18h tem uma programação de chegar de em casa às 19h ou 20h e fazer algo pra jantar, mas, às vezes, existem imprevistos no trânsito e faz toda a programação ir por água abaixo. Um dia eu tava voltando pra casa e pensando: 'tenho que fazer isso em casa'. Quando parei no sinal, eu vi umas quatro moças fardadas vendendo. Eu comprei e gostei da pizza", relatou.
Além de ter aprovado o sabor e o preço, ele foi direto ao revelar que quando estiver cansado após voltar do trabalho e for necessário fazer o jantar, um dos primeiros pensamento que vai ter é: passar em um dos pontos de venda e comprar mais uma pizza.
