A Convenção do MDB, articulada pelo Diretório Estadual, para a escolha do candidato a prefeito e vice-prefeito na chapa majoritária de Arapiraca, ainda não teve um desfecho. Tudo porque o vice-governador Luciano Barbosa (MDB) não aceitou a anulação determinada pelo senador Renan Calheiros (MDB), nessa terça-feira (15), e obstruiu o ato presidido pelo médico José Wanderley Neto, dirigente da sigla, para impor seu nome. Para complicar ainda mais o caso, Barbosa decidiu registrar no TRE a escolha do dia anterior tendo como vice Rute Nezinho. A definição de quem será candidato pelo partido deve parar na justiça.
Na comunicação oficial o MDB de Arapiraca não tem candidato a prefeito e nem uma chapa formada de candidatos a vereadores. Tudo será discutido juridicamente no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e internamente entre os emedebistas do Diretório Estadual.
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"Vou colocar na ata que ele (Luciano) e seu grupo se recusaram a cumprir a determinação do Diretório Estadual e Nacional, que era a de colocar em votação, no dia de hoje, os nomes de Daniel Barbosa (filho de Luciano) e do deputado estadual Ricardo Nezinho (MDB). Sua candidatura a prefeito não interessa ao partido. Nós o queremos como candidato a governador mais adiante", disse Wanderley.
A revolta de Luciano se deu após uma inesperada decisão do senador Renan Calheiros (MDB), que mesmo internado em São Paulo, na terça-feira, determinou a nulidade da convenção do Diretório Municipal.
Como a convenção do Diretório Municipal, que estava alinhada com Barbosa teria sido anulada, uma outra, foi convocada pelo Diretório Estadual com o aval da Direção Nacional. Nesta, deveria ser discutida e votada a escolha entre os nomes de Daniel Barbosa, filho de Luciano, e o candidato do governador Renan Filho (MDB) e do senador Renan Calheiros, deputado estadual Ricardo Nezinho.
"Mas eles não aceitaram essa pauta e trouxeram uma outra. Na hora até quiseram alterar e ficaram nervosos. Eu disse: 'êpa!'Não é assim que se resolve'. Então ficaram reunidos em uma sala e tomaram outra decisão. Agora quem decidirá é o Diretório Estadual junto ao TRE. A questão também é que precisamos resolver para salvar a chapa de vereador", completou Wanderley.
Antes mesmo do fim da convenção, Barbosa havia registrado apenas seu nome no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de forma on-line, com a alegação de que o Diretório Estadual teria que ter agido no mínimo cinco dias antes da convenção.
Essa versão também foi confirmada pelo advogado eleitoral Fábio Gomes, que em um vídeo divulgado nas redes sociais atesta a legalidade da convenção realizada na terça-feira (15) e da decisão tomada na tarde desta quarta.
"O Diretório intempestivamente convocou essa reunião e os convencionais, com senso cívico, compareceram e ratificaram as decisões da convenção de ontem. Luciano como candidato a prefeito e Rute Nezinho como vice e uma chapa a vereadores. Ele cumpriu todos os requisitos formais e estatutários", disse Fábio, que já atou como desembargador eleitoral convocado pelo TRE.
Insatisfação
Conhecido por ser o "homem forte" do senador na gestão Renan Filho, Barbosa foi desagradando o governador desde o primeiro mandato quando deixou estourar o escândalo do transporte estudantil, que depois culminou com uma operação da Polícia Federal.
Depois, já no segundo mandato voltou a cair em desgraça quando a PF, mais uma vez colou nos calcanhares do governo vindo a prender a filha do vice, Lívia Barbosa de Almeida Margallo e seu genro Pedro Silva Margallo.
Eles foram presos juntamente com a Diretora Administrativa do Hospital Geral do Estado (HGE), médica Marta Celeste, na operação intitulada "Dama da Lâmpada", que teria desviado R$ 30 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a aquisição de próteses para amputados no Estado.
Política
Mesmo com toda essa exposição, Barbosa, que tem em Arapiraca seu reduto político, viu no pleito a possibilidade de dar a volta por cima. Até porque dizia a amigos que não iria mais uma vez apoiar Nezinho, que fora derrotado no último pleito para o falecido prefeito Rogério Teófilo (PSDB).
Mas, esqueceu que seu destino, como tem sido nos últimos 30 anos, pertence ao senador Renan e, agora, ao governador Renan Filho. Tanto que quando o escolheram para vice, por duas oportunidades, seria para ser o "arrimo" em caso de Renan ter que se afastar em 2022.
Sem ele fora da função, caso viesse a ser eleito prefeito os último seis meses de seu governo teria que ser de responsabilidade do presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), o deputado estadual Marcelo Victor (Solidariedade) aliado político do maior desafeto da família, no momento, o deputado federal Arthur Lira (PP).