Dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na última terça-feira (10) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que, em 2018, Alagoas registrou piora em vários índices na comparação com o levantamento de 2017. O número de mortes a esclarecer, por exemplo, cresceu 14,3%; roubos e furtos de veículos tiveram aumento de 7,2@; o número de roubos a residências foi 38,2% maior, e o de carga, 12,2%.
O Estado também registrou crescimento no número de homicídios com vítima LGTB (16,7%), homicídios praticados pela polícia (9,5%) e aumento do número de prisões por porte de arma de fogo (65,9%).
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Chama a atenção o fato de Alagoas aparecer em quinto lugar em crescimento de suicídios e ser o estado do Nordeste em que agentes de segurança pública mais se suicidam. Em 2017, nenhum caso desse tipo foi registrado, mas só no ano passado foram seis. Estados que enfrentam ou enfrentaram recentemente grandes colapsos de violência, como Pará e Ceará, apresentam números menores, no caso 2 e 3 registros, respectivamente.
Atualmente, policiais militares alagoanos travam batalha judicial contra o governo do Estado que tem "despromovido" centenas deles. Já os policiais civis denunciam baixos salários e condições precárias de trabalho.
A frequência dos casos de suicídio preocupa a Comissão de Direitos Humanos da OAB (CDH/AL), que, no ano passado, anunciou que faria um levantamento, pois muitos casos acabam não sendo noticiados por se tratar de um tabu para a família.
Para a Associação de Cabos e Soldados de Alagoas (ACS/AL) há relação direta entre a atividade policial e a prática de suicídio. Desde o ano passado, a entidade está disponibilizando os convênios que tem com psiquiatras e psicólogos para que os militares, caso precisem, tenham acompanhamento com esses profissionais, inclusive procurando parcerias com médicos que estão se formando para que possam apoiar a PM e o Corpo de Bombeiros.
"Toda a carga de estresse que os nossos militares se submetem no dia a dia faz com que essa carga emocional se reflita em situações. Há um desencadeamento. Como se o estresse implodisse. Tudo isso porque se chegou a um nível alto de estresse. É uma carga de alto estresse e alto nível emocional. E quando o militar precisa, não tem o apoio que precisa, em geral", lamenta a assessoria da ACS.
VEÍCULOS
Entre 2017 e 2018, as taxas de roubo e furto de veículos caíram em quase todos os estados do Brasil, com exceção de Alagoas, Piauí e Tocantins - as variações foram, respectivamente, de 7,2%, 19,2% e 24,5%. As variações dos números absolutos de cada um desses estados é: em Alagoas, 4.328 e 4.892; no Piauí, 5,677 e 7.098; e em Tocantins, 2.361 e 3.065. São números que indicam crescimentos relativos bastante significativos.
Foram 85 ocorrências de roubo de cargas no ano passado e, em 2017, 77 casos desse tipo em Alagoas. Em relação a furtos e roubos de veículos no Estado, a polícia registrou 4.892 denúncias em 2018. No ano passado, os órgãos de segurança contabilizaram 4,3 mil.
"A proporção entre os números absolutos de roubo e de furto de veículos registrados em 2018 foram: em Alagoas, 71,03% de roubos e 28,97% de furtos; no Piauí, 54,72% de roubos e 45,28% de furtos; em Tocantins, 35,33% de roubos e 64,67% de furtos. São números proporcionalmente pequenos se comparados aos de São Paulo ou Rio de Janeiro, mas que indicam crescimentos relativos bastante significativos", destaca a publicação.
Alagoas foi o terceiro Estado brasileiro com o maior aumento no número de roubos à residência em 2018. Atrás somente de Santa Catarina e Roraima. Praticamente uma casa por dia foi assaltada no Estado. Em números absolutos, foram 306 roubos à residência no ano passado, ante 225 em 2017.
De acordo com os dados do Anuário, Alagoas está na contramão da maioria dos outros Estados, inclusive os vizinhos, como Pernambuco, que reduziu 11,3% este crime. No Nordeste, apenas Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte não reduziram.