A repórter Camila Bomfim teve acesso com exclusividade ao depoimento de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos -RJ), no inquérito que investiga o vazamento da Operação Furna da Onça.
A operação do Ministério Público Federal investigou o pagamento de propina a deputados estaduais ligados ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Flavio Bolsonaro, na época deputado estadual, não era investigado, mas um relatório do Coaf apontou movimentação financeira suspeita na conta de Queiroz.
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O empresário Paulo Marinho disse que ouviu do próprio Flavio que um delegado da Polícia Federal vazou informações antes de a operação acontecer. Flavio Bolsonaro nega.
Paulo Marinho disse ainda que, logo depois, Queiroz foi afastado do gabinete de Flavio. No mesmo dia, a filha de Queiroz, Nathalia, foi exonerada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro.
O procurador Eduardo Benones perguntou a Queiroz, que é policial militar, a razão destes afastamentos.
"Eu já tava ciente, já tinha deixado um amigo meu, deixou meu processo da minha reserva engatilhado já. Esse, eu passei para o senhor. E eu tinha que ser exonerado porque, se não tivesse sido exonerado, eu não tinha como ir para a reserva", respondeu Queiroz.
Procurador: "Então, o senhor primeiro pediu a saída dela e depois que ela ficou sabendo que ia sair?"
Queiroz: "Sim, basicamente eu tava, foi em parte uma surpresa. Ela já sabia que ia ter que sair. Ganhando ou perdendo, ela ia perder o emprego lá, já que o Jair ia largar a Câmara dos Deputados. Então, ela estava preparada. Ela podia estar na transição, como não. Ela já sabia que, ganhando ou perdendo, ela ia sair."
A Globo não pode mais divulgar informações e documentos sob segredo de Justiça da outra investigação, a das rachadinhas, conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
A pedido do senador Flavio Bolsonaro, que é o principal investigado, a 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio proibiu a divulgação. A Globo vai recorrer.