Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) revelou que 25,4% da população de Boa Vista tem ou já teve contato com o coronavírus. Esse foi o maior percentual entre as 120 cidades brasileiras que participaram da pesquisa.
O resultado da Epicovid19, divulgado nessa quinta-feira (11), significa que um em cada quatro moradores está ou esteve infectado em Boa Vista. Belém, a capital do Pará, aparece em segundo no ranking, com 16,9%.
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O levantamento foi realizado entre os dias 4 e 7 de junho por pesquisadores da Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Ufpel. Na primeira fase da pesquisa, feita há duas semanas, de 14 a 21 de maio, o resultado foi o de que 4,5% para a população estava ou foi infectada em Boa Vista.
Atualmente, a capital concentra 76% dos casos de coronavírus no estado: 5.155 dos 6.712 infectados são de Boa Vista, conforme a última atualização divulgada na noite dessa quinta pelo governo. A capital registra também 154 das 192 mortes causadas pela doença.
Durante a pesquisa foram realizados 250 entrevistas, com aplicação de testes para a detecção do vírus em moradores de Boa Vista. O resultado foi de 54 pessoas com resultado positivo para a doença.
Em meio a este cenário, desde o dia 1º de junho a capital está sem testes rápidos para atender moradores que buscam por atendimento nos postos de saúde. Os exames, segundo a prefeitura, acabaram no início do mês, e, mesmo com uma ordem judicial, o governo não repassou os testes.
Além disso, desde o dia 9 acabaram também os testes no Laboratório Central, única unidade pública que faz a coleta de amostra molecular para diagnosticar a Covid-19.
Apesar da falta de exames no Lacen e na rede municipal, os números de infectados continuam a subir porque são contabilizados os testes feitos na rede particular e nos postos de saúde de municípios do interior.
O avanço do coronavírus provocou o colapso na saúde pública do estado. O Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, único que atente pacientes graves com a Covid-19, faltam leitos. A unidade tem 200 pacientes internados entre os 138 leitos disponíveis - 62 pacientes a mais. O governo não divulga a situação atual da ocupação de UTIs destinadas à doença.
O Hospital de Campanha, feito para atender exclusivamente pacientes com a Covid-19, seria uma alternativa para desafogar o HGR. No entanto, a inauguração da unidade foi adiada por quatro vezes. O funcionamento depende de profissionais cedidos pelo governo, o que ainda não ocorreu.
Nessa quinta, uma decisão da Justiça autorizou que o estado contrate, de forma emergencial, médicos formados no exterior sem a revalidação do diploma ou registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).