Na noite desta terça-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro chamou Antifas, integrantes de movimentos antifascistas, de "marginais" e "terroristas" sobre as manifestações nos Estados Unidos, em frente ao Palácio da Alvorada.
Uma série de protestos se espalharam por cidades norte-americanas após a morte, em Minneapolis, de um ex-segurança que foi asfixiado por um policial branco durante uma abordagem. O policial manteve o joelho sobre o pescoço do homem por mais de oito minutos.
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Os protestos têm começado de forma pacífica de dia, mas atos de vandalismo e saques têm sido registrados à noite. Ao se referir, em post em rede social, a protestos em Minneapolis, o presidente Donald Trumpo atribuiu os atos ao que chamou de "anarquistas liderados pelo Antifa".
Ao ser questionado sobre os EUA, Bolsonaro disse que aqui, no Brasil, há "Antifas em campo".
"Olha, começou aqui [no Brasil] com os Antifas em campo. Um motivo, no meu entender, político, diferente [dos Estados Unidos]. São marginais. No meu entender, terroristas", declarou o presidente.
No último domingo, torcedores de clubes de futebol que se denominavam antifascistas fizeram um protesto pró-democracia na Avenida Paulista, em São Paulo. Houve confrontos com apoiadores de Bolsonaro, que também tinham marcado ato no local em defesa do presidente. A Polícia Militar também entrou em confronto com o grupo pró-democracia e lançou bombas de gás lacrimogêneo. Os torcedores reagiram jogando pedras e paus.
Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não tem influência sobre grupos e que não convocou ninguém para ir às ruas, mas disse agradecer "de coração" às pessoas que estão apoiando seu governo.
"Até me desculpe aqui, uma parte da imprensa muito grande anunciava o nosso pessoal como movimentos antidemocráticos e do outro lado, o pessoal de preto, como movimentos democráticos", disse Bolsonaro.
O que é o movimento Antifa
Os integrantes do movimento Antifa não chegam a formar um grupo formal ou com uma liderança oficial. Eles têm discurso anticapitalista, geralmente usam preto em manifestações e utilizam táticas semelhantes às empregadas por anarquistas. Eles não usam a bandeira de um projeto político nem buscam participação no Congresso.
O movimento surgiu como grupo de extrema esquerda para combater o nazismo na Alemanha na década de 1930 e ganhou força nos Estados Unidos após a eleição de Donald Trump, como oposição aos grupos conservadores que o elegeram.
'Retaguarda jurídica' para polícia atuar
Segundo Bolsonaro, é preciso haver uma "retaguarda jurídica" para que policiais possam atuar em manifestações. "Nós precisamos de uma retaguarda jurídica pra que nossos policiais possam bem trabalhar em se apresentando crescente esse tipo de movimento [como Antifa], que não tem nada a ver com democracia", disse.
"Não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile. Não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdade de expressão. Isso, no meu entender, é terrorismo. E a gente espera que esse movimento não cresça porque o que a gente menos quer é entrar em confronto com quem quer que seja", completou.