Atendendo aos decretos municipal e estaduais, centenas de empresas alagoas estão com as portas fechadas. De acordo com um levantamento do Sebrae em Alagoas, mais de 93% dos pequenos negócios tiveram queda nas vendas e, consequentemente, no faturamento. Contratos cancelados, expansão de vendas online, teletrabalho e cortes de premiação são as medidas tomadas pelas empresas neste momento de crise.
Os dados apontam ainda que 73% das micro e pequenas empresas alagoanas mantiveram seus funcionários nos postos de trabalho, apesar da queda no faturamento e que, caso o fechamento total da economia dure mais de dois meses, as empresas pretendem tomar medidas alternativas antes da demissão. Segundo os empresários, as principais delas são home office, expansão das vendas online, suspensão de pagamento de fornecedores, férias coletivas e empréstimos. Mesmo assim, um terço das empresas de pequeno porte poderão fechar suas portas.
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O microempreendedor individual (MEI), o cabeleireiro Alan Bernardes, sente os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus. Ele conta que, no dia que o Governo do Estado decretou situação de emergência em Alagoas, em 20 de março, ao final do expediente, ele juntou o dinheiro que havia no caixa e dividiu entre si e seus funcionários. "Esse rateio não significou nem um terço do que eles deveriam receber agora no final do mês", diz o empreendedor, reconhecendo que não sabe quando poderá pagar o restante dos salários.
Ele se diz perdido sobre o que fazer diante da situação. "Essa é uma situação nova, que ninguém ainda viveu, então a gente não sabe o que fazer, está todo mundo dando cabeçada. Tem aparecido muitos especialistas na mídia dando pitaco, dando sugestões, mas são mais no sentido de encorajar as pessoas para que não baixem a guarda, não desistam, tenham esperança, porque o conteúdo, na verdade, ele é inócuo porque as pessoas nunca passaram por isso, então ninguém tem experiência para poder ajudar o outro dando conselhos sobre essa situação", afirma.
Ainda segundo o levantamento do Sebrae, 12,1% das empresas precisariam contrair mais de R$ 100 mil em empréstimos para manter os negócios. Para mais de 46% dos entrevistados, linhas de crédito entre R$ 15 mil (microcrédito) e R$ 50 mil seriam o suficiente, e 15,6% das empresas pediriam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Alan Bernardes considera inevitáveis demissões. "Com certeza vai ter demissão, já está tendo demissão, porque eu já soube que tem algumas lojas que vendem para salão de beleza e que têm um quadro de funcionários muito grande que já estão demitindo. Alguns anteciparam férias e outros já demitiram. Tem alguns funcionários nessas lojas que prestavam serviço e que já foram mandados para casa. Então, a gente já percebe que está acontecendo. Agora, no meu entendimento, o pior de tudo isso é nosso cliente. Nosso cliente está em casa, sumiu, quando acabar tudo isso, como é que ele vai se comportar, ele vai procurar o nosso serviço, ele vai ter condições de utilizar o serviço da gente na mesma proporção que utilizava anteriormente? São perguntas que tiram o sono".
Além da possibilidade de adquirir empréstimos, as empresas consideram fundamental que o governo aplique algumas medidas. 43% delas sugeriram subsídios para pagamento de salários; 21,7%, a redução de impostos e taxas; 21,1%, a adoção de linhas de crédito diferenciada e 10,4%, o aumento de prazos de pagamento das obrigações das empresas. Ao todo, foram ouvidos 641 empreendedores.
Na opinião de Alan, a empresa mais prejudicada é o MEI. Para justificar, ele cita as barbearias, um segmento em alta no Estado. "A maioria das barbearias trabalha terceirizando o MEI. Eles contratam o profissional barbeiro para prestar serviço dentro dessa barbearia como MEI, então ele é autônomo, ele produz o serviço, e ele deixa uma parte para o salão, e a maior parte desse serviço fica com ele. Então praticamente ele é patrão dele mesmo, então o MEI é quem mais vai sofrer, pois a a empresa que absorve o MEI tem mais estrutura, ela deve ter um capital de giro, por menor que seja, para aguentar um tempo maior. Por dois meses, eu acredito que seja o limite né, no caso da pequena empresa. Mas o MEI, ele não consegue porque ele trabalha de manhã para pagar custos à tarde, ele está produzindo, ele está pagando, é uma roda giratória, então ele precisa do cliente todo dia, então esse pessoal está em dificuldade".
O levantamento foi realizado no período de 28 a 30 de março para identificar o impacto econômico da crise provocada pela pandemia do coronavírus nas micro e pequenas empresas alagoanas.
*Com informações da assessoria do Sebrae Alagoas