Os moradores das áreas afetadas pelas rachaduras participaram, nesta terça-feira (14), de uma audiência pública para tirar dúvidas sobre os termos do acordo que ampliou áreas de risco nos bairros afetados pela mineração.Durante o encontro, algumas famílias afirmaram que estão aliviadas com a proposta da Braskem, enquanto outras criticaram que há brechas na negociação.
Kelly Santos afirmou que não acreditava que em uma solução para os moradores. "Agora nós estamos mais confiantes. Até então achávamos que isso não ia dar em nada, teríamos que brigar com a Caixa, entre outras coisas, mas agora com essa indenização acabamos ficando mais seguros".
Leia também
Já o morador Rogério Rodrigues criticou que a indenização de R$ 81.500 não representa 100% do valor de alguns imóveis. "As casas não valem mais o que valiam há anos e a quantia acaba não valendo a pena".
Falta de diálogo
Outro questionamento dos moradores que participaram da audiência pública foi sobre a real situação geológica da região. Karine Vieira, integrante do movimento SOS Pinheiro, criticou a falta de diálogo entre os órgãos e a população. "O acordo foi determinado sem antes consultar a população. A gente sabe da responsabilidade do acordo e reconhecemos o esforço dos órgãos, mas tem muita gente que saiu triste daqui", disse.
A moradora ainda falou sobre a importância dos órgãos avaliarem a questão ambiental e geológica dos bairros afetados."Muitas pessoas que ainda moram lá, podem estar embaixo de um buraco e não sabem. Daí só o que está sendo visto nas paredes deve ser indenizado?", indagou se referindo as rachaduras e os buracos encontrados nas residências.
Representantes do Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF), bem como as Defensorias Públicas do Estado (DPE) e da União (DPU), da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL) participaram do evento, que aconteceu no Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepa), no bairro do Farol.
Indenização para famílias das áreas de encosta
Durante uma coletiva de imprensa, realizada na sede do Centro de Apoio Operacional às promotorias de Justiça (CAOP), os órgãos apresentaram uma proposta de indenização no valor de R$ 81.500 para as famílias que moram nas áreas de encosta do Mutange. Outra opção para os moradores dessa região é negociar diretamente com a empresa. O valor tem por base o Programa Minha Casa Minha Vida.
Conforme explicado pelos órgãos, quem não negociar dentro do prazo do cronograma que ainda será divulgado, ficará obrigado a evacuar os bairros de qualquer maneira. A prioridade, inclusive, é a desocupação na encosta do Mutange, que acontece ainda neste mês.