Uma denúncia de corrupção atingiu aliados de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela. Segundo investigação de um site de notícias, nove deputados correligionários do líder da oposição ao chavismo participaram de um esquema que beneficiou um empresário ligado justamente a Nicolás Maduro.
A investigação do site Armando.Info indica que esses parlamentares favoreceram o empresário colombiano Carlos Lizcano - vinculado a um programa de Nicolás Maduro para distribuir alimentos subsidiados à Venezuela.
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Lizcano é identificado na reportagem como subalterno de dois outros empresários colombianos: Alex Saab e Álvaro Pulido. Os dois sofreram sanções dos Estados Unidos, em julho, após acusações de sobrepreços nas importações de alimentos e por lavagem de dinheiro proveniente do plano de Maduro.
Segundo a investigação divulgada no domingo, os parlamentares venezuelanos aliados de Guaidó enviaram mensagens a autoridades de Colômbia e EUA para livrar Lizcano de responsabilidade nos crimes cometidos por Saab e Pulido.
Ao saber da denúncia, Guaidó prometeu tomar medidas contra o grupo de parlamentares aliados. "Não permitirei que a corrupção ponha em risco tudo o que sacrificamos. Nem ao regime nem um pequeno grupo de imorais que querem fraturar os venezuelanos", disse.
"Não vamos encobrir os crimes de ninguém", prometeu Guaidó.
Segundo a agência Associated Presse, o legislador Freddy Superlano renunciou à presidência da Comissão de Controladoria da Assembleia Nacional para "facilitar as investigações".
No domingo, os principais partidos da oposição a Maduro - Vontade Popular e Primeiro Justiça - excluíram de suas bancadas legislativas cinco deputados citados pelo Armando.Info. Os demais fazem parte de outros partidos.
Plano de Guaidó em xeque
O caso envolvendo aliados de Guaidó que teriam encoberto um acusado de participação nos esquemas de Maduro é mais um que preocupa o grupo opositor ao chavismo na Venezuela.
Segundo a agência Associated Press, o ex-embaixador de Guaidó na Colômbia Humberto Calderón Berti acusou representantes do líder opositor da má administração dos recursos destinados à manutenção dos 148 soldados que desertaram em fevereiro em apoio ao chamado governo interino e que fugiram para o país vizinho.
"As autoridades colombianas me alertaram e me mostraram documentos sobre prostitutas, bebidas alcoólicas, coisas impróprias", disse Calderón Berti.
Em 6 de novembro, o deputado opositor José Guerra havia denunciado "subornos" a colegas, sem dar detalhes.
Os escândalos explodiram no momento em que Guaidó tenta, sem muito sucesso, reativar os protestos contra Maduro. A popularidade do opositor está em queda, enquanto o presidente socialista resiste com o apoio de um setor da população, militares, Cuba, Rússia e China.
A popularidade de Guaidó, que atingiu 63%, caiu para 42% em outubro, segundo pesquisa Datanálisis. Se não conseguir lidar com as denúncias de corrupção, sua imagem poderá se desgastar ainda mais.
Em 5 de janeiro, ele terminará seu mandato à frente do Parlamento. Embora existam acordos para sua continuidade, grupos minoritários criticam sua estratégia contra o chavismo e outros estão em negociações com Maduro.