Os juros bancários médios cobrados no cheque especial recuaram em outubro, enquanto que as taxas cobradas no cartão de crédito rotativo registraram elevação, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (27). Nas duas linhas de crédito, as taxas continuaram acima de 300% ao ano.
- O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 307,8% ao ano, em setembro, para 317,2% ao ano, em outubro deste ano. Na parcial deste ano, o crescimento foi de 31,8 pontos percentuais, pois a taxa estava em 285,4% ao ano no fim de 2018.
- Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a instituição, recuou de 307,6% em setembro para 305,9% em outubro de 2019. Nos dez primeiros meses deste ano, porém, houve uma queda foi de 6,7 pontos percentuais - pois a taxa somava 312,6% ao ano no fim de 2018.
Taxa de juros do cartão de crédito rotativo para pessoa física
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O comportamento dos juros bancários em outubro, e na parcial do ano, acontece em um ambiente de queda da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação. Essa taxa caiu de 6,5% para 6% ao ano no fim de julho, recuou novamente, para 5,5% ao ano, em setembro, e teve nova redução, para 5% ao ano, no fim de outubro.
Ao mesmo tempo, o crescimento das taxas cobradas pelos bancos foi registrado em um ambiente de estabilidade. A taxa geral de inadimplência para pessoas físicas e para as empresas (com recursos livres) permaneceu em 3,9% em outubro - mesmo patamar de setembro. Em dezembro do ano passado, estava em 3,8%.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, anunciou recentemente que a instituição trabalha em medidas para reduzir os juros do cheque especial - que ainda serão anunciadas. Sobre os juros bancários, de uma forma geral, ele tem afirmado que é importante ter um projeto de organizar a recuperação de garantias dos devedores (processo mais difícil no Brasil).
Ele atentou, ainda, que o Cadastro Positivo, que começou em outubro com a autorização para empresas operarem, e também o chamado "open banking" (compartilhamento de informações financeiras dos usuários), vão melhorar o problema de dificuldade das instituições financeiras conseguirem dados dos clientes.
Linhas de crédito mais caras
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.
O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta.
A recomendação de especialistas é de que os clientes evitem essas linhas de crédito ou as utilizem por um período muito curto de tempo, pois as taxas de juros cobradas são extremamente elevadas.
A orientação é que os clientes substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
Juros bancários médios
De acordo com o BC, houve queda nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) de setembro para outubro.
a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 36,9% ao ano, em setembro, para 35,9% ao ano em outubro. Na parcial do ano, avançou 0,3 ponto percentual, pois estava em 35,6% ao ano no fim de 2018;
os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 51,3% ao ano, em setembro, para 49,7% ao ano, em outubro. Nos dez primeiros meses do ano, subiram 0,8 ponto percentual, pois somavam 48,9% ao ano no fechamento de 2018;
a taxa média cobrada das empresas recuou de 17,8% ao ano, em setembro, para 17,6% ao ano, em outubro. Na parcial deste ano, caiu um 1,2 percentual, pois estava em 18,8% ao ano no fim de 2018.
Spread bancário
O chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) registrou queda de setembro (30,8 pontos percentuais) para 30,3 pontos percentuais, em outubro.
Apesar disso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.
Nas operações com pessoas físicas, recuou de 45 pontos para 43,9 pontos de setembro para outubro (contra 40,7 pontos em dezembro de 2018).
O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Juros bancários elevados
Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2018, 84,8% do mercado de crédito. Esse cálculo inclui os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.
No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou no maior patamar em sete anos e o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões, recorde da série histórica que começa em 1994.