O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, condenou no domingo (17), pela primeira vez, os abusos cometidos pelas autoridades da segurança nas manifestações que agitam o país sul-americano há um mês, e disse que "não haverá impunidade".
"Infelizmente, e apesar de todas as precauções que tomamos para proteger os direitos humanos de todos, em alguns casos os protocolos não foram respeitados. Houve uso excessivo da força, cometeram-se abusos e os direitos de todos não foram respeitados", reconheceu Sebastián Piñera.
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A crise social sem precedentes que abala o Chile desde 18 de outubro deixou pelo menos 23 mortos e mais de 2 mil feridos, incluindo 200 pessoas com lesões oculares.
O presidente chileno expressou também solidariedade com todas as pessoas que foram "vítimas desta violência" e apresentou condolências aos familiares das vítimas.
Até o momento, das 23 mortes, seis são referentes a cidadãos estrangeiros e cinco ocorreram devido à intervenção das forças armadas do Estado, entre polícias e militares.
Para o INDH, os casos mais preocupantes dizem respeito às lesões oculares resultantes de munições não letais.
Piñera referiu-se ainda ao acordo para uma nova Constituição aprovado no Parlamento na madrugada de sexta-feira (15) que marca o caminho para uma nova Magna Carta.
"Se os cidadãos assim o decidirem, avançaremos para uma nova Constituição, a primeira elaborada em plena democracia e respeitada por todos", explicou Piñera, já que a atual é herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O Presidente disse esperar que a nova Constituição, caso a população vote a favor da sua redação, dê "legitimidade e estabilidade" a um novo e necessário pacto social, já que, segundo Piñera, o atual foi o detonador da explosão social.
As manifestações no Chile surgiram inicialmente em protesto contra um aumento do preço dos bilhetes de metro em Santiago, decisão que seria suspensa e posteriormente anulada pelo Governo liderado pelo Presidente chileno.
Apesar do recuo das autoridades, as manifestações e os confrontos prosseguiram devido à degradação das condições sociais e às desigualdades no país.
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