Uma fonte de na sede do governo do Reino Unido afirmou, nesta terça-feira (8), que a chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu Boris Johnson, de que é improvável alcançar um acordo sobre o Brexit, exceto se o britânico fizer mais concessões.
Em uma conversa telefônica durante a manhã, Merkel disse a Johnson que um acordo é "extremamente improvável", a menos que Londres aceite manter a província da Irlanda do Norte em uma união alfandegária com a União Europeia, acrescentou a fonte.
Leia também
Esse é o tema mais delicado do Brexit.
Hoje, não há barreira física na fronteira entre República da Irlanda (país independente e membro da UE) e a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido). É assim desde o acordo de paz de 1998 que pôs fim a três décadas de sangrentos conflitos entre os dois países.
Não há restrições à venda de bens e serviços porque os dois países são do mercado comum europeu e da união aduaneira.
No entanto, quando o Brexit se concretizar, o Reino Unido deixará a União Europeia. Na prática, a fronteira entre as duas Irlandas será a separação entre a UE e o Reino Unido.
Primeira tentativa
Os britânicos pensaram inicialmente em um mecanismo que é uma espécie de "escudo", chamado em inglês de "backstop": a Irlanda do Norte seguiria alinhada a regras de comércio da UE, para dispensar a necessidade de checagem na fronteira com a Irlanda. Johnson é contra essa forma de adaptação.
Na semana passada, Johnson enviou à UE uma proposta de acordo sobre o Brexit que prevê "suprimir" a salvaguarda elaborada para evitar uma fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte. Esse "backstop", considerado indispensável pelos europeus, é o principal ponto de discórdia entre as partes.
Sugestão de Johnson
Em vez de restabelecer controles na fronteira, Boris sugere que os produtos que atravessassem a fronteira para a Irlanda preencham declarações eletrônicas de alfândega, e inspeções esporádicas em centros logísticos.
Além disso, a Irlanda do Norte iria votar o plano.
O premiê britânico afirmou que essa é sua oferta final e que o Reino Unido deixará o bloco no final deste mês com ou sem um acordo. "Hoje vamos apresentar em Bruxelas o que acredito que são propostas razoáveis e construtivas", anunciou Johnson, no encerramento do congresso anual do Partido Conservador, onde disse que se a UE não estiver disposta a fazer concessões a Londres, "a alternativa é que não haja acordo".