Nesta quarta-feira (27), o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse não considera que houve um golpe no país em 1964. De acordo com ele, na verdade, o que houve foi um "movimento necessário" para que o Brasil não se tornasse uma "ditadura".
O golpe militar que depôs o então presidente João Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e houve censura à imprensa.
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A declaração de Araújo foi dada em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. A pergunta fazia referência à orientação, dada pelo presidente Jair Bolsonaro, para que quartéis celebrassem o 31 de março, em referência ao dia do golpe militar.
"Vossa Excelência me perguntava se eu considero 1964 um golpe. Eu não considero um golpe. Considero que foi um movimento necessário para que o Brasil não se tornasse uma ditadura. Não tenho a menor dúvida disso. Essa é minha leitura da história", disse o ministro.
Após a resposta de Ernesto Araújo, deputados voltaram a questionar a fala do ministro: "Não considera um golpe?", "Não teve ditadura no Brasil?", entre outras perguntas. O momento foi interrompido pelo presidente da comissão, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP):
"Por favor, vamos continuar com a palavra aqui do ministro, todos ouviram pacientemente os deputados, agora é a vez de o ministro falar, depois a gente abre novamente para as considerações", disse.
Segundo a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo regime militar ou desapareceram durante o período - somente 33 corpos foram localizados.
Diante disso, a comissão entregou em 2014 à então presidente Dilma Rousseff um documento no qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e pelos desaparecimentos durante a ditadura.