O governador Renan Filho renomeou o Programa Farmácia Cidadã, lançado no governo Téo Vilela, há seis anos, e o apresentou nessa última sexta-feira (30) como "Remédio em Casa". O Programa visa a entrega em domicílio de medicamentos de alto custo a pessoas com dificuldade de se deslocar ao CEAF, no bairro do Farol, em Maceió.
O curioso é o fato de Renan Filho e seu secretário da Saúde "venderem" como original uma ação advinda da gestão anterior, chegando ao ponto de trombetear o seu gesto como algo "inovador e até pioneiro no Nordeste".
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"O Estado agora faz o serviço de entrega domiciliar. Isso vai melhorar para o usuário e também para o Centro de Distribuição, que passará a ter um fluxo menor. Trata-se, portanto, de uma ideia inovadora para Alagoas", declarou o governador durante lançamento da ação, conforme divulgação da Agência Alagoas, órgão de comunicação oficial do governo.
Apesar de querer tomar para si a iniciativa, agora como "Remédio em Casa", a distribuição de medicamentos em domicílio foi implantado em 2013 como "Projeto Farmácia Cidadã", dentro do programa "Alagoas Tem Pressa" na gestão de Teotônio Vilela Filho. Os moldes são os mesmos agora "adotados" por Renan Filho.
"Fazendo parte do Programa do Governo Estadual, Alagoas Tem Pressa, a Farmácia de Componentes Especializados - CEAF vem desenvolvendo o Projeto Farmácia Cidadã, desde Julho de 2013, o qual atende pacientes acamados, cadeirantes, idosos, ou pacientes com dificuldade de locomoção", consta em publicação da mesma Agência Alagoas na gestão do ex-governador.

Ao assumir o governo, em 2015, Renan Filho deixou de dar prosseguimento para a ação, agora retomada por ele seis anos após sua criação e como se fora medida inédita. "Os pacientes acamados, ou com restrição ao leito e impossibilitados de tarefas cotidianas, cadastrados no SUS de Alagoas, poderão receber a medicação de uso contínuo em seus domicílios. Como a condição do paciente não permite que ele vá ao EAFf, o cuidador do acamado é quem deve solicitar a inclusão no Programa Remédio em Casa", reforçam na divulgação do programa apresentado pelo governador.
A distribuição dos medicamentos no posto do CEAF em Maceió, a necessidade e inscrição do paciente no local são as medidas medidas já adotadas pelo Farmácia Cidadã.
"O atendimento a esses pacientes em suas residências incluem o recebimento da medicação, orientação ao paciente e sua família e sobre a importância do tratamento e orientação sobre a utilização do medicamento. Lembramos que estes pacientes devem fazer parte do cadastro do CEAF, obedecendo todo o procedimento do Protocolo do Ministério da Saúde, ou seja, cadastro do paciente com toda a documentação necessária", fazem parte dos critérios implantados na gestão do ex-governador Teotônio Vilela, praticamente os mesmos agora apresentados pelo atual
governador.
Interior
Embora Renan Filho queira passar característica de "inovação" no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), na prática a realidade tem sido diferente e prefeituras do interior cobram do gestor o cumprimento das obrigações do Estado com a distribuição dos medicamentos de alto custo, como é o caso de Arapiraca.

"A distribuição de medicamentos de alto custo é responsabilidade do Estado. Este não assume e os municípios ficam arcando com as despesas. A CEAF com a distribuição dos colírios do glaucoma está sobrecarregada. Os municípios pensado numa assistência de qualidade, assumiram a princípio parcialmente a despesa e agora está sendo custeada integralmente pelos mesmos. O Estado manda as medicações, os freezeres e alguns computadores. As demais despesas de infraestrutura, manutenção predial, recursos humanos é tudo com o município. Essa situação é de todas as CEAFs do Estado", destacou Rafaela Albuquerque superintendente de Atenção à Saúde de Arapiraca. Nos meios políticos, há quem veja no "inovador" de Renan mais um factóide típico de "museu de grandes novidades