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Neurodesenvolvimento da criança

Cérebro funciona como uma obra em que o resultado de um trabalho depende empenhadamente de um conjunto em ação

O cérebro humano é formado por uma rede com vários tipos de células neuronais (neurônios) e essa complexa “rede” de conexões neuronais se organiza com as suas devidas funções e “especialidades” no cérebro. Eu diria que o cérebro funciona como uma obra em que o resultado de um trabalho depende empenhadamente de um conjunto em ação, ou seja, de uma equipe em ação, cada um com a sua devida função contribuinte, para um certo resultado.

Isso quer dizer que o cérebro, em sua complexa formação, organiza neurônios e suas funções para regiões específicas e que, para o cérebro funcionar bem, precisamos de várias regiões do cérebro interconectadas trabalhando juntas. Graças a essas conexões entre neurônios e suas especificidades somos capazes de aprender, sentir, pensar, agir, interpretar e raciocinar.

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De um lado temos o início da vida, o início da formação de toda a arquitetura neuronal, a formação do cérebro, que se dá durante a gestação e continua após o nascimento, isso mesmo, o desenvolvimento cerebral continua após a gestação, pois o cérebro não nasce pronto. A aprendizagem e a maturação acontecem justamente fora do ambiente uterino, quando temos a estimulação do bebê após o nascimento, dessa forma, vamos criando cada vez mais conexões e aprendizagens no decorrer do desenvolvimento infantil, e contribuindo ou não para essa construção cerebral, a depender do tipo de estimulação que esse bebê receberá, podendo ser de forma positiva ou negativa para o desenvolvimento cerebral. Em contrapartida, temos também o caso do cérebro que não está fazendo suas devidas conexões e funções, seja causado por lesões ou mesmo Transtornos, um cérebro que funciona diferente. O resultado: um cérebro atípico, em que suas anormalidades resultarão em prejuízos no modo de pensar, sentir e agir, e ainda assim, o ambiente extrauterino é fundamental para ajustarmos esses déficits, disfunções e, principalmente, a organização dessas conexões neuronais e neurodesenvolvimento. Tudo isso acontece justamente por conta da neuroplasticidade ou plasticidade cerebral. A neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro tem de aprender, criar novas rotas e regenerar os neurônios.

Todo o processo relatado até aqui simplifica as transformações e a formação do cérebro humano que ocorrem, principalmente, nos três primeiros anos de vida. Existem períodos em que esses sistemas neuronais estão mais “plásticos” ou “dispostos” a aprender ou regenerar, e é durante a primeira infância que o cérebro está em seu total potencial da neuroplasticidade. É justamente nesse período do desenvolvimento que a maior plasticidade cerebral possibilita maiores efeitos positivos e negativos de uma influência externa. A ciência cada vez mais caminha e nos prova a importância da interação da genética e o ambiente. A epigenética tem sido um assunto muito discutido nesse século, o que vem de encontro com a capacidade e o potencial do desenvolvimento na infância.

E aqui, transpõe a importância das estimulações e intervenções necessárias durante esse período. O cérebro infantil, sem dúvidas, tem mais potencial de aprendizagem e regeneração, do que o cérebro adulto, dessa forma, não podemos subestimar os bebês e crianças, muito menos subestimar a vida intraurina para o desenvolvimento cerebral pois, a gestação, além de ser o início da formação física, é também o momento de vivências ricas multi-sensoriais e emocionais, imprescindível para o início da construção do ser humano, sendo a oportunidade de continuar a transformação do cérebro, não somente a nível estrutural, como também, a vida do futuro adulto, de uma forma muito mais maleável pois, durante a etapa pré-natal e a primeira infância o cérebro possui uma grande reserva de neurônios para aprender. Posteriormente, temos a continuidade da maturação cerebral que, estará completa após os 20 anos de idade.

A infância é o momento frenético da neuroplasticidade em que o conhecimento, fatores biológicos, cognitivos, linguísticos e socioemocionais desenvolvem rapidamente. Por isso, aquela cultura de “esperar até determinada idade para ver como a criança vai evoluir” nunca será justificada, quando pensamos exatamente no momento “ouro” da plasticidade do cérebro na primeira infância, tanto para a formação e maturação, quanto para a identificação de déficits no desenvolvimento e intervenção correta, sendo a intervenção a principal estratégia para promover os avanços almejados no desenvolvimento, prevenindo inclusive, prejuízos futuros na vida da criança.

Por fim, para justificar ainda mais a necessidade da intervenção precoce, ainda digo que faz parte do processo do desenvolvimento cerebral a programação para o momento da poda neuronal, também ocorrido na primeira infância. A poda neuronal é uma espécie de faxina” e “cortes” de neurônios, que não estão sendo utilizados, ou pouco utilizados e isso quer nos dizer que morrem os neurônios que não foram estimulados durante esse período, removendo as conexões que não são mais necessárias, sendo assim, permanecerá em forma de memória, que realmente foi estimulado e aprendido. Não necessariamente esse processo de Poda neuronal precisa ser visto de forma negativa, pois é um processo necessário para o bom desenvolvimento cerebral, o excesso de informações prejudicaria o desenvolvimento do cérebro e dificultaria a aprendizagem. Não somente na primeira infância o cérebro passa por poda neuronal significativa, como também na juventude e em outros momentos da vida também. O que preciso enfatizar aqui é que essa poda neuronal pode sim não ser proveitosa se a criança não recebeu estímulos suficientes para o desenvolvimento desse cérebro, perdendo assim, com a poda, a oportunidade de manter as informações importantes para o aprendizado, pois só ficará salvo na memória aquilo que realmente foi estimulado e aprendido, assim o cérebro “entende” que as informações importantes precisam permanecer.

Então deixo aqui meu pedido de atenção aos pais, familiares, profissionais e cuidadores, o tempo é precioso, não temos tempo para perder tempo. A infância nos implora atenção, o cérebro nos pede cuidado e o futuro nos agradece.

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*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.

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