Além dos protestos e vaias da torcida azulina contra o time do CSA, que apenas ficou no empate, por 0 a 0, com o Remo, quem foi ao Estádio Rei Pelé, nesse domingo (20), para assistir à partida válida pela Série C do Brasileiro, pôde ver ao final do jogo uma ação inédita e positiva da torcida azulina.
Posicionados nas grandes arquibancadas e munidos de 60 sacos plásticos de 30 litros cada, os torcedores limparam aquele setor do estádio. A boa ação contou com a participação de 30 jovens, tanto homens como mulheres, todos torcedores do time azulino.
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Administrador de Empresas e aposentado, o torcedor azulino José Bispo Filho é o autor de tal iniciativa, de se fazer a limpeza. Bispo também trabalha voluntariamente em causas sociais, em especial com jovens que têm problemas de dependência química. Ele explicou à Gazetaweb como surgiu a ideia da ação com os torcedores.
“Foi uma iniciativa que a gente teve com o Marcelo (Rocha), o Neto, o Tide, todos da Mancha Azul (torcida organizada do CSA, que está suspensa de ir aos jogos, por decisão do MPAL e da PMAL). Porque sempre se fala na questão do que a torcida pode fazer. Infelizmente, as notícias são só relativas à violência. Então, a ideia é a gente mostrar que pode ser feito um trabalho positivo com os jovens das torcidas organizadas”, disse Bispo.
Ele acrescentou que todos os 60 sacos de lixo ficaram em um cantinho das arquibancadas para o devido recolhimento do pessoal responsável pela limpeza do Estádio Rei Pelé.

“Eu sou azulino, eu estou começando pela torcida do CSA, no caso, a Mancha Azul. Em 2018, eu promovi um seminário em Maceió, trouxe o Paulo Castilho, promotor de Justiça de São Paulo, e a doutora Sandra Prata, aqui de Alagoas. O evento foi no Centro de Convenções. Nós estamos junto com o doutor Paulo Castilho, tentando fazer com que tenhamos um projeto junto com as torcidas organizadas”, revelou, acrescentando que pretende criar uma rede de prevenção à violência nos estádios de futebol.
De acordo com ele, Paulo Castilho é procurador de Justiça do Estado de São Paulo e membro do CNPJ representando aquele Estado na Coordenação Nacional de Prevenção à Violência nos Estádios de Futebol.
Sobre a ação realizada nesse domingo (20), José Bispo afirmou que espera que seja repetida, no ano que vem, em todos os jogos do CSA, assim como outras campanhas, por exemplo, como a de doação de sangue.
Ele ainda lembrou o que se significa a limpeza nos estádios de futebol. "No Japão se chama Souji que, na prática, trata-se de um ritual que segue um provérbio: 'Não jogue terra no poço que te dá água'. Ou seja, não se trata apenas de limpar os estádios de futebol, mas de uma filosofia de vida que é passada de geração em geração", destacou.

“Que a gente tenha esta mesma iniciativa, com mais jovens, com mais pessoas, e deixar realmente tudo limpo. Eu tô conversando com o pessoal também para fazer um dia de doação de sangue dos jovens das torcidas. Tipo, doe sangue pela paz. Espero até setembro realizar uma grande doação de sangue ao Hemoal e, aí sim, vou conversar com todas as torcidas organizadas do Estado, tanto de CSA como de CRB e outras”.
Ele destacou, ainda, que é preciso incutir uma cultura de paz nas torcidas, nos estádios e disse que vai procurar os órgãos governamentais para a realização de um congresso para debater este tema.
“Vamos trazer o doutor Paulo Castilho para este evento e, com isso, tentar fazer com que haja paz nos estádios, discutir com os jovens um modelo de paz. Logicamente, trazendo todos os atores envolvidos nisso, como Polícia Militar, Juizado, Promotoria, Ministério Público, todos os órgãos governamentais”, encerrou.
