Ela é apenas uma jovem cheia de sonhos, e que sempre gostou muito de estudar. Aos 8 anos decidiu entrar para o teatro é somente aos 17anos conseguiu seu primeiro papel na Tv - onde interpretou a Lorraine na série “Os outros” na Globoplay, onde também estará na série “Justiça” e já gravou o filme “Kasa Branca” que deve estrear no cinema no próximo ano.
Carioca da zona norte do Rio de Janeiro, ela foi uma das finalistas das audições para um novo integrante do Brasil no grupo “Now United” , mas desistiu do processo seletivo para se dedicar a sua carreira de atriz. A coluna Julie Alves te convida a conhece
A coluna Julie Alves te convida a conhecer essa jovem que é a promessa da teledramaturgia brasileira.

Vamos começar falando do sucesso da Lorraine na série “ Os Outros” na GloboPlay. Nos conta a experiência desse seu primeiro trabalho.
Digo que Lorraine foi um “suado presente”. Eu sempre gostei muito de estudar. Quando não gostava da matéria eu trazia a arte pra me ajudar, a música, exemplos de filmes. Eu vinha fazendo desde quando entrei no teatro, aos 8 anos, testes. Sempre recebia não, por motivos que nem sempre dependiam de mim. Foi difícil entender isso. Esses “não’s” foram fundamentais. Eles eram um empurrão. Fui aos poucos adquirindo a consciência de ter feito o meu melhor independente do resultado. Até que chegou até mim uma oficina na Globo. Não sabia que era uma oficina para “Os Outros”, pelo contrário, não sabia nem que era um teste. Agarrei essa oportunidade e quis sugar o máximo de conhecimento possível. Dei o meu melhor mesmo. Afinal, estar nessa oficina já era uma conquista pessoal muito grande. Quando recebi a notícia foi muito engraçado porque me contaram que eu tinha passado e eu respondi: “passei para a próxima etapa?”. Demorei para entender que não, a personagem já era minha.como Lorraine foi minha primeira personagem tudo era muito novo. Primeira vez em um estúdio, primeira vez sendo filmada, primeira vez me assistindo em um set. Sempre fui muito observadora, então eu ia pegando cada detalhe pra mim. E eu não estou falando só de atuação não, eu prestava atenção em tudo: nas diferenças das lentes da câmera que estavam sendo usadas para filmar, nas linguagens técnicas que a equipe usava, nos truques que a galera da captação de som dava para o microfone não aparecer, cada detalhe de luz que fazia total diferença. Minha cabeça não parava, nem meus olhinhos hahahaha. Foi muito divertido e especial começar dessa forma principalmente cercada de uma equipe tão sensível que estava ali comigo.
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Mas antes desse trabalho você estava em um processo seletivo para integrar o grupo Now United, chegando a ficar entre as 3 finalistas. Soube que você desistiu durante o último processo. O que houve?
Em novembro do ano passado, me inscrevi para uma audição de um novo representante do Brasil no grupo internacional “Now United”. Foi muito rápido. Me inscrevi, dias depois tinha que estar sem São Paulo para fazer as audições. Consegui ir porque tinha juntado o dinheiro do meu primeiro cachê. Então, dava para comprar a passagem do ônibus e hospedagem para minha mãe e para mim. Levamos fruta, pepino pra fazer salada, sanduíche, para economizar o máximo. Não estava nos planos, não contamos pra ninguém. Quando chegamos era muita gente, uns 800 adolescentes. O que era para ficar 1 dia, fazer o teste e ir embora virou 3 dias, porque fui passando nas etapas, foi afunilando até virarmos 4 finalistas. O dono do grupo, Simon Fuller, também criador do grupo Spice Girls, nos avisou que a grande final seria no começo do próximo ano em Los Angeles. Foram os 3 dias mais insanos da minha vida. Eram fãs gritando meu nome, pedindo foto…foi especial. Mas alguma coisa me dizia que aquele não era meu caminho. Quando voltei pro Rio recebi a notícia que tinha passado para a série “Justiça 2”, que iria iniciar no mesmo período que seria a viagem para Los Angeles e alguns outros projetos estavam chegando para mim. Tive menos de 2 semanas para decidir entre: seguir minha carreira de atriz que estava dando certo no Brasil ou virar integrante de um grupo pop internacional. Contando assim parece loucura, coisas que a gente não acreditaria se não tivesse prova. Quando tomei minha decisão eu estava 100% certa, estava seguindo o meu coração. Decidi fazer uma reunião online com a produção do grupo de Los Angeles e comunicar minha escolha. Eles foram incríveis, me entenderam. Fiquei muito orgulhosa de como fui honesta com eles e comigo mesma. Cada dia que passa tenho mais nítido que fiz a escolha certa.

E você já começou gravando com grandes feras como: Adriana Esteves, Eduardo Sterblitch, Milhem Cortaz, entre outros. Como foi recebida nos sets?
Quando eu soube, em uma reunião online, do elenco eu tive que desligar o áudio e camera, corri para a sala e gritei. Foi a primeira reação. Quando a gente tem consciência do nosso chão a gente consegue dar o real valor a cada conquista. Eu tinha acabado de fazer 17 anos, mas já tinha batido em tantas portas, tantos obstáculos, tinha abdicado e enfrentado tantas coisas para alimentar o meu sonho que ouvir aquilo me trouxe de volta aquela criança de 8 anos que olhava para TV e se via ali. Eu sabia que um dia iria trabalhar com essas pessoas que só via na Televisão, tinha esse sentimento muito interiorizado. Só que ao meu redor isso tudo era como um conto de fadas. Quando começamos a trabalhar fiquei apaixonada pelas pessoas que eles eram, não só pelos profissionais. A Adriana e o Edu sempre conseguiam tirar a tensão de um set. Ela sempre vinha com uma história engraçada, conselhos, ele cantava, mexia no cenário e me fazia rir. Virou uma família. Eu me senti muito acolhida. Lembro de uma fala específica onde, em uma gravação, a Adriana olhou para mim e disse: “vamos fazer de novo tudo diferente, como se fosse a primeira vez.” Eu saia de todos os sets cheia de coisas novas, era uma escola.

Bailarina, passista da escola de samba Mangueira , cantora e uma grande atriz. Como foi a construção de cada passo dessa sua trajetória?
A dança e o samba veio da minha mãe. Ela é formada em dança, dava aulas de ballet para crianças da comunidade de dia e dança de salão para os idosos de noite na igreja. Eu era aquela filha carrapato que onde a mãe estava, eu ia atrás. Todo baile da terceira idade eu estava lá dançando com as alunas dela, era a mascote. Tenho contatos com essas senhoras até hoje, minhas avós adotadas. Tinha apresentação do ballet eu também estava lá. Ela ia para a quadra da Mangueira, eu fazia questão de ir com ela e sambava descalça pela quadra. Só que eu ainda era muito nova para entrar na ala das passistas. Um tempo depois, ela quis me colocar em uma aula de ballet profissional. Fiquei um tempo fazendo aula, mas não quis mais porque o teatro me chamava. Entrei para o teatro e nunca mais saí, faço até hoje. E para minha surpresa, influenciei minha mãe, aos 57 anos, a também entrar no teatro. Ela está apaixonada e é muito gratificante ver isso.

Quem é a jovem Giovanna Fernandes?
Nossa, a jovem Giovanna é muuuitas coisas!! Desde a mais brincalhona e infantil até a mais madura e racional. Mudo muito e gosto disso, as pessoas quase nunca conseguem prever minhas reações. Penso muito e detalhe: penso sozinha. Se deixar fico horas parada olhando para você sem falar uma palavra achando que você está ouvindo meus pensamentos. Amo cantar, amo meu drive. Canto toda hora, sou uma playlist ambulante. Principalmente quando estou concentrada, canto todos os tipos existentes de música num curto período de tempo. Sem falar quando pego algo que alguém diz e transformo em música, uma mania minha. Adoro samba, ter companhia, assistir filmes, ler, gastronomia, sorrir. Agora, falando de peculiaridades: eu escrevo de cabeça para baixo. Fala sério, isso é irado.

Sua mãe Vânia Lucia é sua super fã, e lhe acompanhou nas gravações da primeira temporada da série, pois ainda era menor. Como sua família vê esse crescimento de sua carreira?
Minha família é minha base. Sem o apoio deles tudo seria muito mais difícil. Eles são as únicas pessoas que realmente me conhecem e que conhecem minha trajetória. A gente sempre foi simples. Nasci e fui criada na Penha, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Os cursos de teatro sempre foram muito caros e muito distantes de casa. Meu pai saia do trabalho no centro da cidade e se encontrava comigo de noite no Brt para irmos para zona sul fazer curso, chegávamos em casa meia noite. Isso toda semana. Eu fui desde sempre ensinada a fazer escolhas, sempre pensei muito nos caminhos que iria seguir. Nao tinha a opção, por exemplo, de fazer inglês e teatro. Era um ou outro. Era o que conseguíamos e isso me dava força para fazer dessa oportunidade a mais importante da minha vida. Foi muito fácil fazer meus pais acreditarem que eu estava disposta a realizar esses sonhos. Eu fazia por onde. Desde pequena eu falava para todos que encontrava “serei uma atriz que canta”. Ia repetindo isso para todos, principalmente para os que queriam medir meus sonhos como grandes demais ou inalcançáveis. Hoje só quero retribuir tudo o que eles fizeram por mim. Meus pais são meus primeiros fãs, eles falam de mim para todos os colegas, vizinhos, postam tudo o que eu faço, assistem e reassistem minhas cenas.

Além da segunda temporada de “Os Outros” você está em outros trabalhos também?
No Início desse ano gravei a segunda temporada da série “Justiça”, da Manuela Dias. Interpretando a personagem Sandra. Logo vocês conhecerão. Foi um trabalho muito significativo para mim, eu acessei lugares que nem imaginava existir, tive contato com moradores de Sol Nascente, uma comunidade de Ceilândia (cidade-satélite de Brasília), que me fizeram enxergar a vida de outra forma. Foi mágico viver a Sandra e não vejo a hora de ver o resultado disso. Foi feito com muita delicadeza e amor. Além do streaming, agora no cinema, gravei um filme chamado “Kasa Branca”. Foi gravado logo após “Os Outros”, deve estrear ano que vem. É um filme lindo que fala sobre amor e afeto. Nele, interpreto a Talita, uma cantora de Trap em busca do seu lugar na música, vivendo um termino de relacionamento e tendo que criar sua filha de 4 anos sozinha. Foi um trabalho de muito estudo para essa personagem , já que eu ainda tinha 17 anos. A confiança do nosso diretor Luciano Vidigal e da Fatima Domingues, nossa preparadora foi fundamental.

E com toda essa repercussão, a menina da zona norte do Rio de Janeiro tá rica? Brincadeira, mas o que mudou de lá pra cá?
Hahahahaha essa pergunta é frequente hein. Só não é mais frequente que meus amigos achando que enriqueci e já estou pronta para me aposentar. Mudou que as responsabilidades que aumentam cada vez mais. Ainda bem que trabalho com o que amo e não gosto nem um pouco da margem de conforto. Assim fica mais emocionante.

Os canais de streaming vem dando oportunidades para diversos artistas que ainda não haviam atuado em trabalhos na Tv. Pensa em novelas na Tv aberta? Já surgiu algum convite?
Penso, é um desejo meu. Acho muito diferente, desafiador e queria me ver nesse lugar. Sou do pensamento que tudo acontece quando tem que acontecer. Quando vier estarei pronta. Eu era uma criança noveleira, adorava desde as novelas mais leves às mais pesadas. Uma que marcou muito minha infância foi “Cheias de Charme”. Eu cheguei a juntar um grupo de meninas na escola para dançarmos a música das Empreguetes. A gente ficava a aula de educação física inteira ensaiando. Eu era uma coreógrafa rígida, que sabia cada passo de trás para frente. Só não sabia que estaria contracenando com a Leandra Leal agora em Justiça 2.

E o que vem por aí, quais os próximos passos dessa carreira que está apenas começando?
Espero que eu continue sendo movida ao impossível, como sempre fui. Estou bem focada no projeto que estou agora. Estamos dando início à segunda temporada de “Os Outros”, que foi um sucesso inesperado, a gente está muito feliz. Não tenho medo do que está por vir, sei que será resultado de muito esforço, de muito sonho e de muita fé. Sabe aqueles sonhos mais loucos que, por um segundo, até você acredita não ser possível de alcançar? Quero esse impossível.
