Rossi defende amistoso entre Itália e Brasil
O ex-jogador italiano Paolo Rossi, algoz da seleção brasileira na Copa-1982, defendeu a realização do amistoso entre Brasil e Itália, apesar dos protestos do subsecretário italiano das Relações Exteriores, Alfredo Mantica, que cobrou o cancelamento do jogo em retaliação ao asilo político concedido pelas autoridades brasileiras ao ex-ativista de esquerda Cesare Battisti.
Na Copa da Espanha de 1982, Paolo Rossi marcou três gols na vitória italiana sobre o Brasil --apontado como grande favorito para vencer o Mundial-- por 3 a 2, pela segunda fase do torneio. Com o triunfo, a Itália foi à semifinal, e conquistou posteriormente o título do torneio.
"Um jogo de futebol, mesmo entre Itália e Brasil, está longe de certas questões políticas", disse Rossi.
O ex-jogador afirmou, contudo, que os dirigentes da federação italiana de futebol poderiam ter um papel "diplomático" importante antes da partida.
"Os dirigentes devem pedir a algum jogador para fazer declarações ou gestos em lembrança das vítimas do terrorismo", sugeriu. "Na minha opinião, isso seria muito útil para promover a sensibilização sobre o problema. O futebol serve como caixa de ressonância."
Condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, o ex-militante Cesare Battisti, de 54 anos, recebeu o status de refugiado político do Brasil no último dia 13, em decisão tomada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que alegou existir um "fundado temor de perseguição política" contra o italiano caso ele seja extraditado.
Rossi, no entanto, defendeu a volta de Battisti, "uma pessoa que cometeu crimes graves no nosso país", e afirmou que é preciso "pressionar os brasileiros" para obter a extradição do ex-militante.
"É justo que um ex-terrorista cumpra a sua pena na Itália, para que não viva no Brasil como um refugiado político", disse.