
Perder nunca é bom. Mas tem derrotas que dizem mais sobre o futuro de um time do que vitórias apertadas contra adversários frágeis. Foi o caso do 2 a 0 sofrido pelo CRB diante do Athletico, fora de casa. Um tropeço que, paradoxalmente, deixou uma pulga otimista atrás da orelha do torcedor regatiano.
Barroca, obrigado a mexer pela ausência de Segovia, apostou em Anderson Jesus — que sentiu o peso da estreia num dos gramados mais rápidos do Brasil. Chegou atrasado logo no primeiro lance decisivo, diante de Alan Kardec, um dos atacantes menos móveis do elenco adversário. Um erro que custou caro e abriu o placar para o Furacão.
O técnico segue tentando extrair o melhor da dupla Gegê e Danielzinho pelo centro. A tentativa de usar Gegê como opção pelo lado direito não funcionou: o setor ficou sem agressividade, sem profundidade, e ainda deu liberdade para Esquivel comandar o jogo pelo lado esquerdo paranaense.
O CRB teve posse (61% no total), tentou controlar o jogo, mas pecou na parte que mais dói: a objetividade. No segundo tempo, Barroca tentou corrigir o rumo. Veio com um 4-3-3 mais claro, com Thiaguinho e David da Hora nas pontas, e os dois meias à frente de Meritão. O time passou a discutir o jogo com autoridade, manteve a bola, trocou passes — mas criou pouco. O volume não virou perigo.
Do outro lado, Barbieri, vaiado antes e durante o jogo, respondeu com um soco seco: os jogadores que ele lançou sob pressão participaram diretamente do segundo gol. Renan Peixoto e Tevis, os dois que entraram, resolveram a partida. O técnico, criticado por "não convencer", venceu mais uma. No futebol, às vezes a resposta vem em silêncio — ou em forma de gol.
O CRB, apesar da derrota, mostrou fôlego. Foi competitivo contra um elenco mais robusto e num estádio hostil. Mostrou que tem repertório, mesmo ainda buscando equilíbrio. Falta engrenar ofensivamente, falta transformar posse em ameaça real. Mas não falta coragem.
A invencibilidade caiu, mas o recado foi dado: o CRB está no campeonato. E não é só para cumprir tabela.