A Polícia Militar cancelou a autorização para o bloco Blocolândia desfilar nesta sexta-feira (21) na Cracolândia, região em que vivem moradores de rua e usuários de drogas no Centro de São Paulo.
A decisão foi publicada no Diário Oficial da cidade nesta sexta-feira (21) e pegou o bloco de surpresa.
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Segundo um dos organizadores, Raphael Escobar, o bloco desfila há 5 anos na Cracolândia e nunca teve problemas. O Blocolândia é formado por dependentes e ex-dependentes químicos e funcionários e ex-funcionários dos governos municipal e estadual e diz ter como objetivo integrar a comunidade local e os funcionários que atuam nas áreas de redução de danos, saúde e tratamento para os usuários.
"Até ontem (quinta-feira, 20), tínhamos certeza que iríamos desfilar. À noite, alguém da Secretaria Municipal de Cultura me ligou avisando que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) proibiu e que não era possível diálogo algum", disse Escobar ao G1.
"Vamos sair de qualquer jeito, faça chuva ou faça bomba. Estranhamos essa proibição, assim do nada. A quem interessa proibir um desfile? Todos os 900 blocos registrados podem desfilar, menos nós? Por que?", questiona o organizador.
A Prefeitura informou que a decisão foi da PM e que só acatou a decisão, por questões de segurança. O G1 questionou a PM sobre o motivo da decisão e aguarda retorno.
O Blocolândia tem como estilo marchinhas e está previsto para desfilar nesta sexta, das 14h às 18h. O itinerário previsto segue da rua Helvétia, para as ruas Dino Bueno, Alameda Ribeiro da Silva, Alameda Cleveland e termina na rua Helvétia.
"Soubemos que foi uma decisão unilateral da PM e que não foi possível explicar que desfilamos há 5 anos. A gente vai sair, mesmo assim", disse Escobar.
"O desfile é o maior evento da Cracolândia do ano, todo mundo espera", acrescentou o organizador.
Segundo Escobar, desde outubro de 2019, moradores e integrantes do bloco perguntam sobre o desfile.
"Os integrantes da nossa banda, que tocam instrumentos, são dependentes químicos. Todo mundo espera o desfile. É maior o risco se o bloco não sair do que se sair!", acrescenta Escobar.
Em sua página em uma rede social, o grupo salienta que "a proposta cultural do bloco é, além de mostrar que todos os usuários tem uma história anterior ao crack, possibilitar a redução do uso, enquanto o bloco acontece , os cachimbos são trocados pela purpurina e serpentina".