O Ministério da Fazenda anunciou nesta quarta-feira (25) o nome de Gilberto Occhi para comandar a Caixa Econômica Federal e de Paulo Caffarelli para a presidência do Banco do Brasil. Para que comecem a exercer a função, eles precisam ter os nomes aprovados pelo conselho de administração de cada um dos bancos, que são controlados pelo governo federal.
O novo presidente da Caixa já foi ministro das Cidades da presidente afastada, Dilma Rousseff, entre março de 2014 e início de 2015 - quando assumiu o Ministério da Integração Nacional. Deixou essa pasta em abril deste ano, quando o Partido Progressista (PP), ao qual ele é filiado, abandonou a base de sustentação do governo Dilma em meio ao processo de impeachment.
Leia também
Paulo Rogério Caffarelli foi funcionário de carreira do Banco do Brasil (BB), onde iniciou como menor aprendiz, e já ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Ele é formado em Direito, com pós-graduação em Comércio Exterior e Mestrado em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). Antes do anúncio, era diretor executivo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), onde estava desde março de 2015.
Gilberto Occhi
De acordo com o blog do Matheus Leitão, Occhi é um dos investigados em um inquérito que apura envolvimento de ex-ministros nas chamadas "pedaladas fiscais" - atraso do governo Dilma no repasse de recursos para bancos oficiais, como Caixa e Banco do Brasil, que permitiu melhorar o resultado das contas públicas.
As pedaladas serviram de base para o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na terça (24), a Procuradoria da República no Distrito Federal recebeu o inquérito criminal que apura o caso. Além de Occhi, são investigados os ex-ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social).
Mineiro de Ubá, Occhi é formado em Direito, com pós-graduação nas áreas de finanças, mercado financeiro e gestão empresarial. Funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, Occhi começou a trabalhar na instituição em 1980. Foi gerente de mercado no Espírito Santo, superintendente regional em Sergipe e depois em Alagoas e superintendente nacional da região Nordeste. Ele já atuou também como vice-presidente de Governo da Caixa.
A Caixa é instituição financeira pública que concentra a maior parte dos financiamentos imobiliários do país e que atua como agente financeiro no pagamento de programas sociais.
O banco possuía, no fim de 2015, 82,9 milhões de correntistas e poupadores, sendo 80,7 milhões de pessoas físicas e 2,2 millhões de empresas. No primeiro trimestre deste ano, a Caixa Econômica Federal registrou um lucro líquido de R$ 838 milhões, com queda de 45,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Paulo Caffarelli
Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Curitiba, Cafarelli começou a ocupar o cargo de diretor executivo da CSN em março de 2015, sendo responsável pelas áreas corporativas da Companhia.
Ele também estava no Conselho de Administração da CBSS Visavale (Alelo) desde 2014 e do Banco Votorantim desde 2009, Presidente do Conselho de Administração da Brasilcap Capitalização desde 2010 e suplente do Conselho de Administração da Transnordestina Logística S.A.
No Banco do Brasil, atuou por mais de 30 anos em áreas como atacado, negócios internacionais, private bank, mercado de capitais, e seguros. Foi diretor presidente do BB Banco de Investimentos (BB-BI) e do BB Leasing no período de 2012 a 2014.
Caffarelli ocupou ainda o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda entre 2014 e 2015 e foi membro suplente do Conselho Consultivo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no período de 2013 a 2014.
Com a nomeação, Caffarelli comandará a primeira instituição financeira do Brasil, fundada em 1808. Atualmente, o Banco do Brasil possui mais de cinco mil agências e se destaca, também, por operar linhas de crédito agrícola subsdiadas (com incentivos) pelo governo federal.
O BB também é o maior banco do país. Em dezembro de 2015, a instituição possuía R$ 1,43 trilhão em ativos, contra R$ 1,28 trilhão do Itaú-Unibanco, R$ 1,20 trilhão da Caixa Econômica Federal e R$ 905 bilhões do Bradesco.
Assim como outras instituições financeiras, o BC passa por um cenário desafiador, com alta da inadimplência na esteira da recessão econômica e aumento do desemprego.
No primeiro trimestre deste ano, o Banco do Brasil registrou queda de 59,5% em seu lucro, para R$ 2,35 bilhões. Na base ajustada, o lucro do maior banco do país em ativos somou R$ 1,286 bilhão no período, ante R$ 3,025 bilhões um ano antes, queda motivada por uma provisão relacionada ao segmento empresarial de óleo e gás, afirmou o banco.
Caixa Seguridade
No comando da Caixa Econômica Federal, Occhi terá de decidir, juntamente com o novo chefe da equipe econômica, Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, se retoma o processo de abertura de capital da Caixa Seguros - que foi anunciada em abril 2015 pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. A abertura de capital foi adiada em outubro do ano passado.
A francesa CNP controla 51,75% da Caixa Seguridade, ante a fatia de 48,2% da Caixa Econômica Federal. Segundo a agência Reuters, a expectativa era que a Caixa pudesse levantar cerca de R$ 10 bilhões com a venda de cerca de 25% do capital da seguradora, o que poderia ajudar o governo federal a reduzir o seu déficit orçamentário.