A Polícia Civil investiga o caso de uma jovem grávida de cinco meses que acusa um MC de tê-la agredido em São Vicente, no litoral de São Paulo. Conforme relata a vítima, o músico é marido de sua tia e, junto com a familiar, a agrediu com socos e chutes após ela chamar a atenção da prima, filha dos supostos agressores. Em entrevista ao G1, o MC negou todas as acusações.
Segundo conta a estudante Ayla Santos, de 24 anos, ela mora na cidade de Santos com o namorado e, na última sexta-feira (31) foi visitar a mãe no bairro Vila Margarida, em São Vicente. Ao chegar no local, encontrou a prima brigando com a sua irmã, e, pelo fato de ambas serem crianças ainda, ela afirma que resolveu intervir na briga, chamando a atenção de sua prima.
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"Quando fui descer para pegar minha outra irmã, de seis anos, minha tia, mãe dessa minha priminha, estava me esperando com uma vizinha e com as outras filhas dela. Elas começaram a me agredir. Depois apareceu o irmão dela e chutou minha barriga. Eram três pessoas me batendo", conta.
Após as agressões, a jovem diz que foi direto ao hospital, com medo de ter perdido o bebê. No local, ela conseguiu ouvir o coração do filho, mas a médica disse que só poderia dar certeza se a criança estava totalmente bem depois da realização de ultrassom, que será feito apenas nesta segunda-feira (3).
"Sai do hospital e, por volta de meia noite, chegamos na casa da minha mãe. O marido da minha tia, ela e a filha dela estavam nos esperando. Ele [MC] me deu um empurrão que eu 'voei' longe e cai de barriga, batendo a boca, a cabeça, e ralando as pernas", relembra.
Para a polícia, a estudante afirmou que está sendo ameaçada de morte pelo tio [MC], tia e pela prima. Conforme registrado no boletim de ocorrência, eles afirmaram que "iriam matar o filho dela que ainda não nasceu", passando a lhe agredir e a jogando com violência no chão. Ela também relatou que chutaram a barriga dela, apertando seu pescoço e lhe desferindo socos. "Também chamaram minha irmã de lésbica, só porque ela, que tem 12 anos, está com o cabelo bem curtinho", afirmou ao G1.
"Estou com dor de cabeça pelos socos que levei e estou ficando roxa em algumas partes do corpo. Estou até sentindo meu corpo pesado. Ele tem mais de 2 metros e ela e minha tia pesam bem mais que eu, imagina a situação", relata a jovem.
A tia da estudante expôs a agressão nas redes sociais e lamentou o ocorrido. Ao G1, a cozinheira Juliane Custódio afirmou estar abismada e assustada com a situação. "A menina está grávida, isso é um absurdo. Tem medo de perder o bebê ou ele ficar com alguma deficiência. Como pode ser tão ruim e o pior, ainda sendo uma pessoa da família dela. Estou sem acreditar. Quero justiça", finaliza.
A jovem registrou um boletim de ocorrência contra os familiares que acusa de agressão. O caso foi registrado como lesão corporal e ameaça na Delegacia de Defesa da Mulher de Santos e seguirá sob a investigação da Polícia Civil. Foi solicitado exame de corpo de delito.
Acusações
O acusado pela gestante utiliza o nome artístico MC Balu e, em 2020, cantará no desfile da escola União Imperial, de Santos (SP). "Além dele me jogar no chão, ele me apertou e a mulher dele me segurava para eles me agredirem", diz a sobrinha.
Após o ocorrido, a escola de samba chegou a emitir uma nota, afirmando que em relação à notícia que vem sendo veiculada nas redes sociais de que um de seus intérpretes se envolveu em situação de violência doméstica, o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba União Imperial informa repudiar veementemente qualquer tipo de violência, mais ainda contra a mulher.
A escola ainda destacou que espera que os fatos sejam apurados e esclarecidos pelas autoridades competentes para que eventuais culpados sejam punidos com o rigor necessário, nos termos da lei.
O G1 entrou em contato com o MC Balu, que nega as acusações. "Eu não estou envolvido nisso. São pessoas com raiva que querem me acusar. É briga de família e querem se vingar de mim. Ela que agrediu minha filha de 13 anos e na hora da briga eu estava trabalhando. Eu não agrediria uma pessoa. Ela ainda disse que pagaríamos caro por isso e depois postou minhas fotos nas redes sociais, bloqueando minha família", diz.
Sobre a mulher dele ter agredido a gestante, ele afirmou que estava trabalhando e não sabe informar o que aconteceu. "Ligaram desesperados para mim, e para minha mulher, quando estávamos trabalhando, e falaram que minha filha estava sendo espancada, então minha mulher foi apenas ver o que estava acontecendo. Ela quer distorcer a situação. Estou sendo vítima. Vou processá-la", finaliza.