Na véspera do início do lockdown (bloqueio total), que começa a valer a partir desta terça-feira (5) em São Luís e outros três municípios da região metropolitana, a capital maranhense registrou alta movimentação de pessoas e veículos em ruas e avenidas.
A medida (leia mais abaixo) tem validade por dez dias em Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís. Foi decretada pela Justiça na quinta-feira (30) para conter o rápido avanço da pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que o Maranhão é o estado da federação que apresenta maior ritmo de crescimento no número de mortos pela doença no Brasil.
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Quem não cumprir as regras estará sujeito a advertência, multa ou interdição parcial ou total do estabelecimento, no caso de empresas.
Durante toda a manhã desta segunda-feira (4), foram registradas em São Luís muitas filas nas portas e nas proximidades de agências bancárias. Eram formadas por trabalhadores em busca auxílio emergencial do governo federal, no valor de R$ 600. Em supermercados, alguns estacionamentos tiveram a lotação máxima de veículos.
Já em bairros populares da capital, que concentram grande fluxo diário de pessoas, muitas lojas de comércio não essencial estavam com as portas abertas e atendendo clientes normalmente. Nas ruas e em paradas de ônibus, a maioria da população usava máscara, mas havia aglomerações.
Como será o lockdown no Maranhão
Suspensão das atividades não essenciais, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas.
Proibição da entrada e saída de veículos por dez dias, com exceção para caminhões, ambulâncias, veículos transportando pessoas para atendimento de saúde e atividades de segurança.
Suspensão da circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais.
Limitação da circulação de pessoas em espaços públicos.
Bancos e lotéricas abrem apenas para o pagamento do auxílio emergencial, salários e benefícios sem lotação máxima nesses ambientes, com organização de filas;
O uso de máscara continua sendo obrigatório.
A determinação do lockdown partiu do juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luís. Em entrevista ao G1, ele afirmou que tomou a decisão porque "as pessoas estão brincando e outros estão morrendo" pela falta de responsabilidade.
O juiz fundamentou sua decisão com base na pesquisa da Fiocruz e também citou que os hospitais privados já noticiam que a capacidade máxima de seus leitos para pacientes com Covid-19 foi atingida.
O magistrado disse ainda que a adoção do bloqueio total é necessária porque "é a única medida possível' e eficaz no cenário para contenção da proliferação da doença e para possibilitar que o sistema de saúde público e privado se reorganize, a fim de que se consiga destinar tratamento adequado aos doentes.
Na Grande Ilha, muitas agências bancárias registraram alta movimentação de pessoas nesta segunda. Em algumas delas, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e agentes de trânsito tentavam, com a ajuda de cones e sinalização no chão, organizar o fluxo de pessoas.
De acordo com o decreto, publicado pelo governo do Estado neste domingo (3), as agências bancárias vão continuar funcionando para saques do auxílio emergencial do governo federal. Outros serviços e atendimentos não serão realizados.
Ruas e avenidas
O decreto do lockdown deixou a cargo dos municípios as regras para a circulação de veículos e pessoas, mas que determina que o fluxo deverá ser restrito e barreiras de fiscalização deverão ser implementadas.
Por conta disso, nesta segunda-feira, uma alta movimentação de veículos foi registrada em importantes avenidas e ruas da capital do Maranhão.
Comércio
Por determinação, o comércio não essencial não deverá funcionar durante o período do lockdown na Grande Ilha de São Luís. Mesmo com as lojas fechadas na Rua Grande, o principal centro de comércio popular da capital maranhense, muitas pessoas ainda apareceram pela região para tentar fazer compras. Barreiras foram colocadas e policiais militares orientavam a população nesta segunda.