A Polícia Militar fez uma operação na noite desta sexta-feira (12) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. No local, haveria a realização de uma festa de aniversário de um dos traficantes da comunidade.
A ação acontece após uma decisão do Supremo Tribunal Federal suspender operações policiais em comunidades até o fim da pandemia. A medida ocorreu duas semanas depois da morte de João Pedro.
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Os policiais foram até o local e destruíram uma estrutura montada para a comemoração. Moradores disseram que houve tiroteio durante toda a madrugada.
De acordo com testemunhas, um morador morreu baleado durante a ação. Nenhum corpo chegou ao Instituto Médico Legal (IML), em Tribobó, ao longo da manhã deste sábado (13).
O complexo do Salgueiro ainda se recupera da operação que terminou com a morte do menino João Pedro Matos, de 14 anos. Ele levou um tiro nas costas no último dia 18 de maio. O adolescente foi baleado enquanto brincava com amigos, na casa de um tio. A residência onde o menino estava com ficou cheia de marcas de bala.
A operação era das polícias civil, militar e federal.
Na decisão liminar, o ministro Fachin afirma que operações só deverão ocorrer "em hipóteses absolutamente excepcionais, que devem ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente, com comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro".
Mesmo com a decisão de suspender as operações, a Polícia Militar voltou a agir no Salgueiro. Moradores denunciaram ainda a violência policial na ação de ontem à noite.
Em nota, a PM informou que a operação se enquadra na excepcionalidade prevista na decisão do STF. "Ressaltamos que serão adotadas todas as medidas junto ao Ministério Público, bem como a justificação por escrito sobre os motivos da ação, além de adoção de cuidados especiais, devidamente descritos pelo Comando. Durante a ação, policiais em um helicóptero flagraram vários indivíduos na região", disse a corporação.
O Ministério Público informou que é indispensável a comunicação subsequente - ou seja, após a realização da operação - de maneira imediata.
Ainda de acordo com o Ministério Público, a decisão do STF em nenhum momento inibe ou determina que o aparelho policial deixe de cumprir sua atividade.