A mãe de uma adolescente de 17 anos ferida com uma garrafa disse que a ação policial foi uma emboscada contra as pessoas que estavam no baile. PM diz que criminosos provocaram.
Nesta segunda, a Polícia Civil começa a ouvir testemunhas. Serão ouvidos frequentadores do baile, parentes de vítimas e outros policiais que ajudaram a socorrer as vítimas.
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O que aconteceu
De acordo com a polícia, agentes do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) realizavam uma Operação Pancadão na comunidade quando foram alvo de tiros disparados por dois homens em uma motocicleta. A dupla teria fugido em direção ao baile funk ainda atirando, o que provocou tumulto entre os frequentadores do evento, que tinha cerca de 5 mil pessoas.
A jovem ferida durante a confusão descreveu o momento em que foi atingida. "Eu não sei o que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a gente. Minha amiga caiu, e eu abaixei pra ajudá-la", afirmou.
"Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça."
Segundo a polícia, equipes da Força Tática, ao chegarem para apoiar a ação em Paraisópolis, levaram pedradas e garrafadas. Os policiais, então, teriam respondido com munições químicas para dispersão. Ainda de acordo com informações da polícia, alguém no meio da multidão disparou um tiro, e houve correria.
Durante a confusão, pessoas foram pisoteadas. Duas viaturas da PM foram depredadas. O delegado Emiliano da Silva Neto, do 89º DP, afirmou que todas as vítimas morreram pisoteadas e que ninguém foi vítima de disparos.
Repercussão
O governador João Doria (PSDB) lamentou as mortes e pediu "apuração rigorosa" do episódio. O Ouvidor das Polícias, Benedito Mariano, afirmou que "a PM precisa mudar protocolo".
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em entrevista à GloboNews que a polícia tem de prestar contas do que ocorreu "sem medo de assumir um erro caso tenha havido".
Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram a ação da PM em Paraisópolis na madrugada deste domingo.
Pancadões
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a Operação Pancadão tem sido periodicamente realizada em toda a capital "para garantir o direito de ir e vir do cidadão e impedir a perturbação do sossego, fiscalizando a emissão ruídos proveniente de veículos".
Os bailes funks em comunidades de São Paulo ocorrem de quinta-feira a domingo, até a madrugada, nas zonas Leste, Sul e Norte da capital paulista.