Com o objetivo de combater o assédio e atender mulheres e LGBTs vítimas de violência, a Prefeitura de São Paulo vai instalar neste ano ao menos 20 tendas de acolhimento, espalhadas pelos maiores circuitos de desfiles dos blocos de carnaval na capital paulista.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, essas tendas terão assistentes sociais, psicólogas e policiais mulheres que prestarão atendimento às mulheres e LGBTs que se sentirem em situação de vulnerabilidade durante o carnaval.
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As tendas funcionarão durante os oito dias oficiais de folia na cidade e estarão instaladas ao lado dos postos médicos onde serão concentrados os atendimentos de urgência e emergência dos foliões dos circuitos.
Além do acolhimento às vítimas de assédio e violência, as profissionais dessas tendas também ajudarão no combate à exploração sexual e ao trabalho infantil durante o carnaval de rua. Elas também distribuirão preservativos masculinos, femininos e lubrificantes.
A ideia atende a uma demanda enviada à Secretaria Municipal de Cultura pela Comissão Feminina do Carnaval de Rua, composta por cerca de 60 mulheres representantes de blocos, que fizeram vários pedidos aos organizadores do evento para assegurar a integridade do público feminino.
"Além de falar do tema da violência e da importunação sexual, a intenção é estar mais próximo dos blocos para garantir a tranquilidade das mulheres em procurarem imediatamente um agente, caso se sintam ameaçadas ou assediadas. A presença mais perto dos foliões também é para informar, tanto as mulheres quantos os homens, de que há uma lei desde 2018 que tipifica o crime de importunação sexual e quem se exceder e for identificado vai ser encaminhado para a Delegacia de Defesa da Mulher", diz Claudia Carletto, secretária de Direitos Humanos e Cidadania.
De acordo com a secretária, a Casa da Mulher Brasileira, no Cambuci, vai funcionar 24 horas nos dias de folia na capital paulista, justamente para acolher mulheres vítimas de violência e registrar possíveis casos de assédio, já que dentro dela funciona a 1ª Delegacia da Defesa da Mulher de São Paulo.
No total, 60 profissionais mulheres estão sendo treinadas nesta semana para atuarem nesses espaços, que também vão distribuirão cerca de 40 mil tatuagens temporárias com mensagens contra assédio, a importunação sexual e a violência de gênero.
"Pode parecer uma bobagem, mas a vítima se sente mais acolhida quando fala com uma mulher. Aquelas que passaram por algum tipo de violência crônica por parte do homem, se sentem mais desconfiadas com a abordagem de outros homens e sentem em outras mulheres um maior acarinhamento", explica Claudia Carletto.
Para ajudar nesse trabalho, a prefeitura também está treinando outros 50 voluntários, chamados de anjas e anjos, que, a exemplo do ano passado, circularão entre os foliões com camisetas identificadas, fazendo abordagens mais próximas e identificando possíveis casos de importunação.
Outra ação da prefeitura é a manter estacionado na Praça do Patriarca, no Centro, o chamado ônibus lilás, que já tinha sido usado no carnaval de 2019 para atender, acolher e informar mulheres e LGBTs sob algum tipo de risco.
"As violências física e sexual elas são muito claras. Agora, as violências psicológicas, moral e patrimonias elas são mais mascaradas, a gente não vê na pele. Então, sempre falar das violências, dizer: ?olha, você tem como buscar orientação porque você direitos a serem preservados?, é a nossa maior batalha", declara a secretária.
Junto com o ônibus lilás, uma van móvel do Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) prestará atendimento a estrangeiros vítimas de xenofobia ou qualquer outro tipo de violência.
As tendas também ajudarão os pais que costumam ir aos blocos com crianças a identificarem as crianças com pulseiras informativas, para eventuais casos de perda e distanciamento dos pais durante os cortejos.
Manual do folião
Para concentrar todas as informações sobre serviços, orientações e dicas de serviços do carnaval, a Prefeitura de São Paulo também criou o "manual do folião", que está disponível online para todos que vão curtir o carnaval na cidade, que neste ano deve reunir receber 15 milhões de pessoas e pode se transformar em maior carnaval de rua do País.
O manual reúne dicas da polícia para segurança, telefones de emergência, orientações sobre onde encontrar os serviços médicos, programação dos blocos e também orientações de saúde e redução de danos para aqueles que exageram no consumo de bebidas.
A versão feminina do manual, chamada de "manual da foliona" traz informações sobre os locais das tendas de acolhimento, além de endereços de urgência e emergência, como hospitais, delegacias e casas de acolhimento para as mulheres.
De acordo com a Prefeitura, a cidade vai ter 8.200 policiais militares trabalhando na segurança do evento durante os oito dias de folia, além 1.821 guardas civis metropolitanos (GCMs). O número é inferior aos 10 mil policiais por dia, que haviam sido informados ao G1 pela Polícia Militar.
Serão 644 blocos desfilando na cidade, em 678 cortejos divulgados oficialmente pela Secretaria de Cultura até agora. (um bloco pode desfilar mais de uma vez).