O envelhecimento é inevitável. "Logicamente, teoricamente, matematicamente não há saída". Essa é a conclusão da pesquisadora Joana Masal, professora de ecologia e biologia evolutiva na Universidade do Arizona (EUA).
Ela é uma das autoras de estudo publicado nesta segunda-feira (30) no "PNAS" que, por meio de uma fórmula matemática, demonstrou que não há como a humanidade vencer o envelhecimento -- pelo menos, até que se prove o contrário (por enquanto, apenas é possível tentar retardá-lo).
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Há muitas maneiras pelas quais o envelhecimento incapacita nossa saúde, mas, em nível celular, o desafio principal está em duas questões: ou as células se tornarão lentas e perderão suas funções; ou elas vão ser tão rápidas a ponto de virarem tumores.
A partir disso, pesquisadores avaliaram dois cenários:
1) A indução de uma "seleção natural", por meio de uma competição, que levassem as células lentas a serem eliminadas do organismo;
2) O uso de toda a tecnologia disponível para que as células não se multiplicassem desordenadamente.
Por meio de cálculos complexos, os pesquisadores chegaram à conclusão que fazer com que esses dois cenários aconteçam simultaneamente é matematicamente inconcebível. No cenário 1, caso as células lentas fossem eliminadas, as células cancerígenas iriam se destacar -- elas têm por característica maior atividade metabólica e crescimento.
No cenário 2, para evitar que as células cancerígenas se multipliquem, seria necessário tornar as células mais lentas -- o que, inevitavelmente, levaria ao cenário 1.
A conclusão, assim, é que qualquer intervenção em um desses cenários, necessariamente levaria ao outro -- demonstrando, com isso, que o processo de envelhecimento é inevitável.
"O que demonstramos é que estamos presos. Se se adotar uma estratégia, não se pode fazer a outra. Não podemos fazer ambas ao mesmo tempo", avalia Paul Nelson, aluno de pós-doutorado na Universidade de Arizona e principal autor do estudo, em nota.
Assim, os cientistas demonstraram que não é tão simples conter o envelhecimento. "As pessoas podem se perguntar o porquê de não simplesmente 'evoluirmos' algo que está envelhecendo?", diz Nelson. "Respondemos que não é uma questão de evolução."
De acordo com a matemática, continua o pesquisador, "tentar corrigir pode piorar as coisas."
"As coisas vão piorar ao longo do tempo, de uma dessas maneiras ou de ambas: ou todas as suas células continuarão a ficar mais lentas, ou você terá câncer", conclui Nelson.