Surpresa entre os presentes, que esperavam em sua maioria um escolhido entre os livros de ficção, "Uma História de Desigualdade - A Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil 1926 - 2013" foi eleito o melhor do ano na premiação do Jabuti, que ocorreu na noite desta quinta-feira (28), em São Paulo.
A obra de Pedro H. G. Ferreira de Souza foi a tese de doutorado do autor e se debruça sobre a história econômica do Brasil para analisar a desigualdade de renda no país.
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Outro dos principais prêmios da noite foi o Jabuti póstumo para Fernanda Young, por "Pos-F: Para Além do Masculino e do Feminino". Young morreu em agosto deste ano e foi representada por sua filha no palco.
Já na categoria romance, o vencedor foi "O Pai da Menina Morta", de Tiago Ferro, lançado pela Todavia. Ganhador também do prêmio São Paulo de Literatura deste ano na categoria para autores estreantes, o livro deixou para trás obras de Cristóvão Tezza, de Ana Paula Maia, de Martha Batalha e de Alexandre Vidal Porto.
Na companhia de Souza, premiado com o troféu de melhor livro do ano e na categoria humanidades, a autora mais vencedora da noite foi Lúcia Hiratsuka, que levou duas estatuetas: como melhor livro juvenil por "Histórias Guardadas Pelo Rio" e melhor ilustração por "Chão de Peixes".
Entre as biografias, "Jorge Amado", de Joselia Aguiar, foi escolhida vencedora. Já entre as obras de poesia, a eleita foi "Nuvens", de Hilda Machado. Nos contos, a vencedora foi Vilma Arêas com "Um Beijo por Mês".
A 61ª edição do Jabuti, principal prêmio literário brasileiro e organizado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), elegeu títulos em 19 categorias divididas em quatro eixos: literatura, ensaio, livro e inovação.
A diferença para o ano passado foi a divisão dos livros infantis e juvenis em duas categorias diferentes - a junção de histórias para crianças e adolescentes na mesma categoria havia ocorrido em 2018 e gerou protestos entre autores, ilustradores e editores.
A cerimônia no Auditório Ibirapuera se preocupou também em passar um recado de diversidade, sobretudo nas questões raciais. O ator Lázaro Ramos foi o apresentador, enquanto Fabiana Cozza fez uma apresentação musical. A autora homenageada desta edição foi Conceição Evaristo.
Aplaudida de pé por toda a plateia ao subir ao palco, Evaristo iniciou seu discurso agradecendo a editores, leitores e amigos. "Espero que o reconhecimento de ser a primeira escritora negra a ser homenageada pelo Jabuti não seja só a primeira. Eu quero abrir caminhos", disse.
Nascida em Belo Horizonte, a escritora pleiteou no ano passado ocupar a cadeira que havia pertencido ao cineasta Nelson Pereira dos Santos na Academia Brasileira de Letras. A iniciativa engajou o movimento negro e gerou uma manifestação popular com duas petições online, cada uma com mais de 20 mil assinaturas, defendendo que Conceição fosse a primeira mulher negra a se tornar imortal.