A economia de Alagoas já começa a sentir os efeitos da Covid-19. Após o governo do Estado publicar decreto que proíbe por 10 dias, a partir do sábado (21), o funcionamento de lojas físicas, indústrias e serviços não essenciais, os setores já projetam perdas e demissões. Alguns segmentos anunciaram reuniões para avaliar as medidas a serem adotadas.
O presidente da Aliança Comercial de Maceió, Guido Júnior, contou que cerca de 600 lojas devem ficar fechadas no Centro da capital durante a vigência do decreto. "São seis mil empregos gerados por estas lojas", conta. De acordo com ele, a perda estimada, somente para estes dias, é de 40%. No começo da semana, antes da publicação do decreto ele já estimava perda de 20%.
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A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Alagoas (Abrasel/AL) espera uma queda brusca no número de vendas após a publicação do decreto. Além disso, a entidade estima demissão de até 50% dos funcionários, caso Brasília [em referência ao governo federal] não anuncie medidas que viabilizem cumprir a folha de pagamento.
Segundo o presidente da Abrasel/AL, Thiago Falcão, a previsão atual de demissões está entre 20% e até 50% no pior cenário, "caso não haja acordo com os sindicatos ou com o governo federal". Ele conta que existem 400 bares e restaurantes filiados à Abrasel em Alagoas, que empregam mais de dez mil pessoas. Mas o presidente ressalta que o número de filiados é pequeno, se comparado aos mais de 15 mil estabelecimentos presentes no estado.
Ele pondera que o primeiro sentimento compartilhado pela entidade é de solidariedade com o cenário atual. "Que a gente possa passar esse período com esperança, e não achar que vamos estar mortos depois de tudo isso", disse, pontuando que a orientação é cumprir todas as determinações das autoridades.
Mas há também preocupação e incertezas, especialmente com os funcionários que o setor emprega em Alagoas. "Esperamos muito que exista uma contrapartida do governo federal em relação ao pagamento de folha dos nossos funcionários. Existe um direcionamento para uma demissão considerável de pessoas para a gente poder suportar o impacto financeiro dessa crise", continua Thiago.
De acordo ele, parcerias já foram firmadas com alguns fornecedores e distribuidores de insumos do setor para garantir a continuidade das atividades. A Algás, fornecedora de gás alagoana, garantiu não cobrar multas ou juros por atraso de bares e restaurantes por três meses. Posteriormente, os valores dos débitos poderão ser parcelados em até 10 vezes.
A entidade diz que a esperança do setor sobrevive no fornecimento por entrega, que deve ter uma alta no período de quarentena. O decreto anunciado pelo Palácio permite que os estabelecimentos funcionem por delivery, inclusive por aplicativos. "É muito importante que haja uma consciência da população ao usar esses serviços também. A gente precisa dessa ajuda da população para manter os negócios abertos", pontua o presidente.
"A gente não tem dúvida que bares e restaurantes são os maiores empregadores aqui no nosso estado, e a quebra desses negócios vai ser uma catástrofe econômica após esse período. A gente precisa manter esses empregos dentro dos estabelecimentos para ter uma vida saudável após essa tempestade", concluiu Thiago Falcão.