Após um encontro entre torcedoras do CRB e CSA, no dia 16 de junho, o Grêmio Recreativo Esportivo e Cultural Torcida Organizada Mancha Azul informou que o núcleo feminino da torcida azulina está suspenso e proibido, por tempo indeterminado, de realizar qualquer evento ou ação com o nome da entidade. A nota foi publicada nesta terça-feira (18) nas redes sociais do clube.
No documento, a Mancha Azul alegou que a decisão foi feita em razão da total "falta de respeito e ideologia perante a nossa torcida diante do último fato ocorrido em um evento em nome de um determinado movimento que luta por causas paralelas ao que realmente importa."
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A entidade ainda ressaltou que não é contrária aos atos realizados pelo Movimento Feminino da Arquibancada (MFA). No entanto, ela avalia que os assuntos em questão não "somam em nada" e, por isso, não pretendem "permitir que se repita."
Por meio de nota também publicada nas redes sociais, o MFA rebateu a atitude e explicou que a intenção da torcida feminina é garantir a segurança da mulher dentro dos âmbitos esportivos. Além disso, definiu que a suspensão trata-se de um comportamento machista que visa a soberania sobre a luta do Movimento.
"Jamais imaginaríamos que diante de uma foto onde mostra a sororidade, a empatia, a união em prol de algo maior, a vontade de acolher mulheres e pessoas que buscam seu espaço, o entusiasmo de fazer algo bonito entre outras coisas, pudesse ser alvo de não só críticas por parte de homens misóginos com síndrome de autoridade dentro de instituições que deveriam ser do povo", informou o documento.
Encontro
No último domingo (16), o Movimento Feminino da Arquibancada organizou a primeira reunião geral entre torcedoras regatianas e azulinas em Alagoas. O momento foi publicado noInstagram do MFA.
Na publicação, a organização expressou a felicidade diante do encontro. "Não dá para expressar o tamanho da alegria, estou mega emocionada com tudo que aconteceu hoje! Sem palavras", escreveu.
Após a decisão da Mancha Azul, os seguidores da página repudiaram a suspensão. "Quando fazemos o que eles fazem e querem, somos boas. Quando fazemos diferente, nos repreendem. Vergonha!", disse uma. "Rivais em campo, irmãs na luta!", comentou outra.
Já no perfil oficial azulino, os torcedores foram contrários quanto a decisão. "Parabéns a Diretoria da Mancha, mulher não precisa se juntar com rivais pra conquistar seus direitos", afirmou um.
"Sou azulino e me envergonho de ler isso. Mancharam a história e sem trocadilho, mancharam feio. Isso com certeza vai repercutir nacionalmente, porque agora o clube CSA está na série A", escreveu um segundo torcedor.
Confira as notas das entidades na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO DO MOVIMENTO FEMININO DE ARQUIBANCADA DIANTE DA NEGATIVA ENVOLVENDO A ÚLTIMA REUNIÃO ENTRE TORCEDORAS DE ALAGOAS.
O Movimento Feminino de Arquibancada vem por meio desta esclarecer alguns fatos diante da última reunião promovida pelas representantes de Alagoas. A intenção sempre foi e sempre será o direito e a segurança da mulher em todos os âmbitos esportivos, principalmente aqueles em que as mesmas sofrem represálias pelo simples fato de serem representantes do sexo feminino.
Sabemos que a luta é árdua, que por si só às vezes é bem cansativa, mas quando se encontra força dentro de um ambiente que não encontramos lá fora, fica difícil abandonar a caminhada do MFA.
Jamais imaginaríamos que diante de uma foto onde mostra a sororidade, a empatia, a união em prol de algo maior, a vontade de acolher mulheres e pessoas que buscam seu espaço, o entusiasmo de fazer algo bonito entre outras coisas, pudesse ser alvo de não só críticas por parte de homens misóginos com síndrome de autoridade dentro de instituições que deveriam ser do povo, pro povo e em prol da igualdade futebolística, mas também de ameaças e expulsões/suspensões dessas mulheres de suas respectivas torcidas.
Vale ressaltar que isso não engloba uma ideologia, não engloba a força e a festa da arquibancada. Isso trata-se de um comportamento antiquado e machista que visa somente a soberania e a amostra grátis do que o Movimento luta contra. O homem que se põe numa situação de falta de respeito com uma mulher, um componente que se dispõe a ser de baixo calão com outra componente por ela lutar por seus direitos e que pra isso precisou ir até a sua rival de campo, não é surpresa, mas muito nos decepciona e só mostra o retrato de uma instituição falha e que não merece as mulheres que tem.
Por fim, que isso sirva de exemplo para mostrar a todos vocês o quanto é absurdo que em pleno século XXI ainda temos que estudar "neandertalenses". NÓS REPUDIAMOS QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA, SEJA ELA MORAL, FÍSICA, SEXUAL OU MISÓGINA. Essa vergonha a gente deixa pra vocês. Sigamos na luta, e que isso só sirva de gás para continuarmos nessa estrada, pois se isso incomodou, é por estar funcionando!
Uma publicação compartilhada por G.R.E.C.T.O. MANCHA AZUL (@manchaazuldocsaoficial) em
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