A seleção feminina de handebol já está no Rio de Janeiro. Até o dia 2 de agosto, porém, ficará hospedada em um hotel em Copacabana. A opção de ficar fora da Vila dos Atletas da Rio 2016, porém, não tem nada a ver com as reclamações feitas por diversas delegações que estão no local desde o domingo. Como treina na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, a comissão técnica do Brasil preferiu ficar bem próximo do ginásio das atividades para evitar o deslocamento e descansar as jogadoras. Para a pivô Dani Piedade, contudo, mesmo que tivesse que ir para a Vila neste momento e se deparasse com os problemas relatados por outros países, não perderia o foco ou reclamaria como muitos estão fazendo.
Aos 38 anos, ela chega em sua quarta Olimpíada (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012 e agora Rio 2016) e lembra que em praticamente todas enfrentou problemas. Em Atenas 2004, Dani diz que se deparou com ervas daninhas quase da sua altura dentro da Vila e outras situações embaraçosas. Mesmo assim, não perdeu o foco. Ela acredita que com o passar do tempo os atletas passaram a reclamar mais e focaram menos em treinos e no real motivo de estarem em uma Olimpíada.
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- Atleta tem que competir, tem que pensar em treinar e jogar. Não é para ficar pensando nisso. Isso é assunto para comitê olímpico resolver. Não estamos preocupadas com isso aqui na seleção. Poderia ir para a Vila agora, ter esses problemas lá e não iria me estressar. Em Atenas 2004, me marcou muito quando entrei na Vila e vi ervas daninhas tomando o lugar, muitas quase da minha altura. São coisas pequenas, muito menores do que o motivo de estarmos aqui. Eu já dormi debaixo de arquibancada, já lavei roupa depois de treino, nada disso vai tirar meu foco. Eu vim aqui para jogar - garante a jogadora.

Dani, porém, evitou polemizar. Ela não acredita que as reclamações sejam fruto de preconceito com o Brasil.
- Não acho que seja um preconceito. Não vejo dessa forma. Nenhuma amiga minha ou jogadora que conheço da Europa entrou em contato comigo para reclamar. Mas é que algumas vezes as pessoas se apegam a coisas pequenas. Nada disso do que está acontecendo eu vejo como motivo para manchar a imagem da Olimpíada. Tem gente falando disso, mas estão exagerando demais - garante a jogadora.
Sobre a Olimpíada, Dani garantiu estar muito ansiosa. Depois dos Jogos no Rio, a pivô irá se aposentar da seleção brasileira. Joga por mais um ano na Europa e depois se aposenta definitivamente da modalidade.
- Estou com uma energia muito boa, me divertindo, treinando bastante e focada. Essa Olimpíada será especial para nós e também para mim, pois será a minha última e não é fácil quando isso acontece com um atleta - disse Dani.

Após o treino na Urca, o técnico Morten Soubak conversou com a imprensa e comentou sobre a atividade. Disse que "tirou um pouco o pé", deu um descanso para as atletas e já foca na estreia contra a Noruega, no dia 6 de agosto. Antes disso, porém, o Brasil encara a Holanda em um jogo-treino no dia 28, na Urca, e depois no dia 31, domingo, em Cabo Frio, ao meio-dia, com presença de torcida. No dia 2, encara a Argentina, mais uma vez na Urca. Para o treinador, apesar de grande parte do time brasileiro estar em sua segunda ou terceira Olimpíada, essa é diferente.
- Não vejo nenhuma jogadora relaxada. Mas também não estão tensas. Estão todas focadas. Nosso grupo é extremamente experiente, já esteve em vários Pan-Americanos, Mundiais, Olimpíada, mas essa é especial. É diferente. É dentro de casa e a energia é outra. Nos preparamos muito bem para isso e esperamos que isso seja um combustível para nós - disse o treinador.
Com o início do último período de treinos, Morten também revelou uma mudança na reserva da seleção. A escolhida era Juliana Malta, mas a armadora, que segue treinando com o time, não vai para a Vila Olímpica. Para o seu lugar ele escolheu a ponteira Larissa, que já havia sido cortada. Ele explicou que a opção foi estritamente pessoal e não compartilhou o motivo disso.