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Apesar do novo conceito de serviços, motéis ainda são alvos de preconceito

Alagoanos contam experiências e apontam quesitos que podem melhorar ambientes; educadora sexual explica de onde vem o 'problema'

Desde que o mundo é mundo, duas coisas norteiam as relações humanas: amor e sexo. O segundo é repleto de tabus, falta de informação, conservadorismo social. Historicamente, tudo o que é relacionado ao prazer humano e onde ele acontece é alvo de preconceito e tende a ser feito às escondidas. É possível ter sido essa uma das grandes sacadas dos proprietários de motéis no Brasil, por volta de 1980, quando os estabelecimentos tiveram um 'boom' no país. O setor conseguiu se estabilizar, cresceu nos últimos anos e, hoje, tem um novo conceito, mais próximo dos hotéis de luxo, mas ainda enfrenta preconceito.

Um motel recebe diferentes tipos de pessoas - das mais desinibidas àquelas que você não imagina. O foco dos visitantes geralmente é sair da rotina. "No meu caso e de parte das mulheres que tomam a iniciativa de convidar o parceiro, acredito eu que vão quando estão numa relação. Eu mesma, que venho do interior, sou desconfiadíssima. Dificilmente iria para um motel com alguém que eu já não conhecesse antes, ou que tivesse conhecido por aplicativo, por exemplo", conta a historiadora Marta Palmeira.

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Ela detalha que foi poucas vezes para um motel, porém, uma delas, foi pensando no conforto por um preço mais acessível. "Uma das vezes que fui foi pensando em relaxar de uma forma mais em conta, porque umas horinhas no motel é mais barato do que uma diária num SPA, infelizmente. Eu procurava uma hidro".

Marta ainda chama atenção para a falta de segurança às mulheres. "Deveriam ser acrescentadas algumas formas de segurança. Imagino que é um ambiente muito propício também para uma das pessoas cometerem atos violentos, muitas vezes sem consentimento, e acho que já passou da hora de se pensar em algo que seja mais fácil para pedir um socorro, por exemplo".


			
				Apesar do novo conceito de serviços, motéis ainda são alvos de preconceito
FOTO: FETICHE/CORTESIA

As possibilidades do que se pode fazer num motel são muitas. O publicitário Carlos Soares visita com frequência motéis, mas para algo diferente do que se imagina. "Já fui para fazer trabalhos de gravação de alguns vídeos sensuais para um

sexshop

. Fiz par com uma amiga minha para cenas sensuais. A gravação durou cerca de 5 horas porque tinham muitos casais chamados", explica.

Sem preconceito com o local, Carlos também já foi para ficar mais à vontade com seu parceiro. "Sou gay e, quando somos mais novos, o motel acaba sendo a única forma de se fazer algo, já que, em casa, não temos como levar os paqueras. Nisso eu gostava porque é um espaço que preza pela segurança do casal, também leva em consideração a discrição. Ao mesmo tempo não se sabe o que se passou antes de chegar no quarto. Se a higienização realmente é feita corretamente", expõe ele, agora com 26 anos.

O publicitário ainda conta que nem tudo correu como o esperado. "Fui com meu ex passar uma pernoite e, quando íamos saindo do motel, ele pagou e seguimos para nossas casas. Ao chegar perto da minha casa, eu lembrei que esqueci minha carteira. Quando voltei lá, tinha uma movimentação de pessoas fazendo a limpeza e minha carteira não estava mais. Roubaram minha carteira e não me deram satisfação. Como eles sabem que quase todo mundo que vai lá é discreto e não faz barraco, não se importaram com o ocorrido e fui embora".

OS PROPRIETÁRIOS

Coelho Rabêlo é dono do 'Álibi Motel', localizado na Santa Amélia, há 13 anos. A ideia de administrar o estabelecimento veio por meio do contato com outros empresários do ramo, e ele conta um pouco sobre os desafios enfrentados.

"A contratação de mão de obra especializada foi um desafio pelo preconceito que existe com pessoas que trabalham em motel. Acham que são todas promíscuas. Preconceito por gerir um motel não houve, mas sempre há aquela piadinha ou um sorriso discreto quando digo que sou empresário no ramo de motel. Tem um certo pudor das pessoas", relata.

Ele afirma, no entanto, que hoje o conceito de motel é outro. "Mudou pois passou a ser um local de entretenimento: sexual, onde se pode dar vazão às fantasias sexuais nas suítes temáticas; gastronômico, com uma comida de alta qualidade; e hoteleiro, pela demanda grande de diárias para viajantes e turistas na nossa cidade. Deixou de ser apenas um lugar para sexo".

NEGÓCIO DE FAMÍLIA

Noemy Chen tem apenas 20 anos e já é gerente do Fetiche Motel. O negócio surgiu depois que a Churrascaria Gaúcha, também de propriedade da família, não estava indo bem. "Toda a família tem motéis há muito tempo, aqui na região, e não é um tabu entre os parentes, porque todos encaram como um estabelecimento como qualquer outro. Queremos atender bem e agradar os clientes como os demais estabelecimentos".

Desde criança Noemy sempre precisou enfrentar a curiosidade de amigos por ser filha de dono de motel. Ela conta que as pessoas sempre ficavam esperando que a casa dela fosse diferente das demais em algum sentido e se decepcionavam quando chegavam e não tinha nada de incomum. "Não sei o que eles esperavam, eles ficavam animados de ir para a casa de uma 'dona de motel'".

Noemy falou também que queria cursar Medicina, mas sempre teve um lado mais empreendedor, por isso teve total apoio do pai para começar a vivenciar a experiência de estar à frente do negócio, a fim de se desenvolver melhor.

ORIGEM DO PRECONCEITO


			
				Apesar do novo conceito de serviços, motéis ainda são alvos de preconceito
FOTO: acervo pessoal

A

Gazetaweb

ouviu a educadora sexual Laylla Brandão sobre os motivos para tanto preconceito com o estabelecimento. "Nós não crescemos sabendo que sexo era uma coisa legal, massa, sempre foi tudo muito escondido, principalmente para as mulheres. Ela sempre foi muito reprimida, a dona de casa, que cuidava dos filhos, do marido, então, ofertar o serviço para o marido era mais para satisfazer, mas, sempre dentro de casa. Como se fosse sempre algo muito escondido, no quarto, silencioso. Exatamente, um dos fatores é o cultural, por essa repressão sexual que a gente sempre teve para o mundo feminino", aponta Laylla.

Outro ponto é a limpeza dos motéis. "Também existe a ideia de que o motel é um lugar muito sujo. Imagine um local onde todo mundo faz sexo, das diversas práticas sexuais, depois um sai e outro entra. Então, tem uma conotação suja, porque a gente entende sujo, por questões culturais, algo 'nojento'. A limpeza é sempre muito contestada. Eu já tive o prazer de conhecer alguns motéis por dentro, onde eles me mostraram a limpeza, o tipo de material utilizado para limpeza e tudo o mais. É necessário desmistificar essa ideia. Hoje, até aqui em Maceió, tem motéis com uma pegada de hotel de luxo, mais do que um local para fantasias eróticas", reforça.

Na oportunidade, a educadora desenvolve sobre qual é a raiz do preconceito. "A gente não trata sexualidade como algo normal, que existam locais legais que estimulem a sexualidade, como se o sexo não fosse visto como uma coisa legal, pura, prazerosa. O prazer é encarado como algo ruim. A gente vive numa sociedade que valoriza muito mais essa pessoa que trabalha, vive de esforço, mas nunca valoriza a pessoa que vive ao seu bel-prazer, não só sexual, mas também de diversão. A gente julga demais. Essa raiz cultural que ainda vê o sexo como algo muito baixo, pecaminoso, traz essa pressão social em relação à presença do motel".

Ela também aconselha. "Não há etiqueta, não há regras para viver a sexualidade. Aliás, acho que só há uma regra: faça o que lhe der prazer. Estimulem a vida erótica de vocês. Existem muitas partes de um relacionamento, e uma delas é a vida erótica, essa mente que pensa em sexo. É preciso que a gente pense em sexo. Às vezes, sair da mesmice, desse ambiente de casa, de responsabilidade, contas a pagar, é essencial", finaliza.


			
				Apesar do novo conceito de serviços, motéis ainda são alvos de preconceito
FOTO: cortesia
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