Cerca de três mil trabalhadores rurais de todo o estado dão início, nesta segunda-feira (15), a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Em Maceió, a marcha dos Sem Terra realizou um ato em frente ao prédio da reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em defesa da universidade pública.
Organizados na Comissão Pastoral da Terra (CPT), no Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento de Luta pela Terra (MLT), no Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e no MST, os camponeses e camponesas iniciam as mobilizações logo nas primeiras horas do dia, nas fileiras da Marcha que deve atravessar a cidade de Maceió nos próximos dias.
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De acordo com Carlos Lima, da CPT, a Jornada de Luta do mês de abril é um momento bastante simbólico para os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra. "Mais uma vez abril será marcado pela luta dos camponeses e camponesas em todo o país e aqui em Alagoas nossa Marcha e nossa mobilização será marcada, mais uma vez, pela unidade daqueles e daquelas que seguem lutando pela terra e por uma Alagoas mais justa", destacou Lima.
Segundo o coordenador da CPT, uma série de atividades devem ser desenvolvidas ao longo dos dias da Jornada em Maceió, pautada pelas reivindicações políticas dos Sem Terra, mas também em memória daqueles e daquelas que deixaram seu legado na luta pela terra no país.
"Há 23 o Massacre de Eldorado dos Carajás deixava 21 mortos no estado do Pará, nossa luta é também uma resposta coletiva aqueles e aquelas que acreditavam parar nossa luta em cada ameaça e assassinato".
Conhecido internacionalmente, o Massacre de Eldorado dos Carajás marca o dia internacional de luta camponesa, no dia 17 de abril, onde em todo mundo ocorrem lutas em defesa da Reforma Agrária. Durante o Massacre, 21 militantes do MST foram assassinados pela Brigada Militar no estado do Pará há 23 anos atrás e, até hoje, o caso é lembrado pelos Sem Terra durante as Jornadas de Luta no mês de abril.
"O mês de abril simboliza o derramamento de sangue pelo Estado brasileiro de trabalhadores e trabalhadoras que sonhavam com a terra e sua liberdade", explicou Carlos Lima.
Defesa da universidade pública
Segundo Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST, o ato dos trabalhadores rurais é uma demonstração simbólica das organizações de luta pela terra na defesa da educação e contra os ataques que as universidades têm sofrido nesse último período.
"Temos vivenciado um avalanche de ataques e ameaças à educação pública, sobretudo contra as universidades públicas, vindas desde o Ministério da Educação desse atual governo, até de ataques dos poderosos que não aceitam que esse espaço também deve ser dos filhos e filhas da classe trabalhadora. Nosso ato é também um recado aos que querem que esse espaço seja um espaço distante da realidade do povo brasileiro, restrito a uma elite, sem cumprir sua função social", comentou Débora.
Ainda de acordo com a coordenadora do MST, o ato deve reunir professores, estudantes e a gestão da Universidade junto aos Sem Terra. "Vamos reafirmar mais uma vez a disposição dos Sem Terra em abraçar e defender a universidade pública, na luta para que ela tenha a cara do povo e possa responder as demandas reais da nossa sociedade".