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Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL

Empreendedor entrou no ramo do turismo sustentável e se tornou um exemplo de cuidado com o meio ambiente após situação inusitada

Era uma manhã ensolarada, típica do verão de Alagoas em pleno feriado de 12 de outubro do ano de 1996. Combinação perfeita para quem gosta de curtir as belas paisagens do litoral alagoano. Morando definitivamente no estado há pouco mais de três anos, o gaúcho Vanderlei Turatti decidiu que aproveitaria aquele dia com a esposa e as duas filhas, à época, ainda crianças. Saíram de casa em direção à Ilha da Crôa, famoso balneário da região do Litoral Norte do estado. À beira-mar, sentaram-se próximos a um bar.

Mas o que teria essa história de diferente? Depois de mais de 22 anos dela ter se passado, Vanderlei faz questão de contá-la, com uma riqueza de detalhes, todas as vezes que é questionado sobre o que o motivou a enveredar pelo ramo do turismo sustentável, já que, atualmente, é um empresário bem-sucedido, dono de empreendimentos em Maceió e na região Norte do estado.

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Voltando à história ocorrida lá atrás, já nesta época, as praias alagoanas eram muito concorridas. Ponto de parada para moradores da região e turistas vindos de diversas partes do país e do mundo. Não era para menos que o lugar naquele dia estivesse "fervendo", não só pela alta temperatura, mas também pela quantidade de gente que estava ali disposta a aproveitar o clima convidativo.

Prestes a iniciar o lazer, uma situação um tanto quanto inusitada provocou uma reviravolta, não só naquele momento, mas em toda a vida do casal e das filhas dele. O que viria em seguida mudou por completo a história da família.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
Jovem alugava veículos para furtar objetos de turistas em Ipioca, diz Polícia. FOTO: Assessoria

Ao pedir uma bebida, quando o garçom trouxe o copo, o gaúcho percebeu que o recipiente estava sujo de batom. Imediatamente, o cliente pediu para que o copo fosse substituído. "O garçom foi dentro do bar e voltou dizendo que não tinha outro copo. Eu pedi que ele lavasse aquele. Mais uma vez ele foi em direção à cozinha e retornou para dizer que estava faltando água. Pedi, então, que me trouxesse um copo descartável", relembra.

"Ele já meio sem graça respondeu que não tinha. Reclamei e disse que não queria mais a cerveja. O garçom, no entanto, disse que não poderia mais devolvê-la, pois ela já estava aberta. Então pedi que ele desse um jeito. Na minha frente, ele encheu o copo com cerveja, colocou o dedo lá dentro, retirou a marca do batom e me entregou de volta. Surpreso com o que estava vendo, levantei, paguei a bebida e fomos embora", narra Vanderlei, que hoje consegue rir da situação e até agradece o fato disto ter acontecido, pois foi o copo sujo de batom que causou a mais importante mudança em sua vida.

Depois de tudo aquilo, o empresário e a esposa eram só indignação. Ele conta que voltou para casa e como bom gaúcho decidiu que teria churrasco no feriado sim, mas por lá mesmo. Enquanto preparava as carnes, observou a mulher pensativa. De supetão, eles se olharam e disseram um ao outro: "você está pensando exatamente o que eu também estou!"

"Minha esposa olhou pra mim e soltou: 'não é possível que tanta gente naquele lugar, tanto turista querendo gastar, e eles não saibam aproveitar'. Foi quando disse a ela que nós então iríamos fazer uma história diferente. Não dormimos a noite toda. Ficamos em claro escrevendo cada um em uma folha como queríamos que fosse o nosso modelo de negócio. Desejamos ter um lugar onde as pessoas frequentassem e sempre lembrassem dele. Traçamos nossas metas e depois comparamos o que cada um tinha escrito. Pronto! A partir daquele dia decidimos que iríamos empreender", conta.

Dois meses depois, já na alta temporada, no mês de dezembro, o bar Ilha do Sol foi inaugurado. O nome do lugar fazia referência a um dos maiores sucessos do cantor de Axé baiano, Netinho. "Nessa época, essa música tocava em todos os lugares. Pra gente caiu como uma luva, pois em um determinado trecho, a letra diz 'tudo começou na Ilha do Sol', e foi o que de fato aconteceu", relembra.

O negócio ia bem e já era reconhecido como um dos melhores da região. O bar era bastante frequentado e o serviço oferecido da melhor maneira possível. Mas um episódio trágico marcou aquela história de sucesso que aos poucos estava sendo construída. Um ano e meio após a abertura do empreendimento, o mar avançou inesperadamente e destruiu o lugar. A cena era de devastação. O que sobrou foi lamentação e muito prejuízo.

Mas se engana quem pensa que eles se deram por vencido. Acreditaram que dariam a volta por cima e conseguiram. Após a experiência adquirida com o Ilha do Sol, eles passaram a comandar outro restaurante, dessa vez no município de Paripueira, já no final da década de 90.

"O negócio era de um conhecido, mas estava prestes a fechar. Antes de nós assumirmos, a capacidade do restaurante era para 60 pessoas. Assim que passamos a administrar já crescemos para 250 e no auge chegamos a atender 1.100 frequentadores. Foi lá também que demos início aos passeios para as piscinas naturais e iniciamos nosso trabalho de uma maneira mais eficiente em relação à sustentabilidade e aos cuidados com o meio ambiente", fala Turatti.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
FOTO: José Ronaldo

Com um modelo diferenciado de negócio, ele decidiu que levaria biólogos junto aos turistas durante os passeios para as piscinas naturais. O bar foi o pioneiro neste tipo de serviço. "Nosso objetivo era mostrar aos turistas a importância de preservar a região. Firmamos parcerias com a Ufal e demos o pontapé nesse trabalho. Foi uma experiência muita exitosa. Tanto é, que pouco tempo depois fundamos o Instituto Brasileiro Vida Marinha", comenta Vanderlei.

O empresário diz que sua relação com o meio ambiente veio desde a infância. Foi um vínculo estabelecido através dos pais. "Eu morava na roça. Vivi até minha adolescência por lá. Não tínhamos coleta de lixo, por isso, desde muito cedo precisamos aprender a dar a destinação correta ao que não nos servia mais e isso foi muito importante".

Sustentabilidade e Responsabilidade Social

Há cinco anos, Vanderlei Turatti decidiu ingressar em um novo desafio. Como já é tradição e costume dele e da família, passar a administrar um negócio, que por algum motivo deu errado, mas tem tudo para dar certo, não é novidade. Assim tem sido com um clube localizado em um trecho da Praia de Ipioca.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
FOTO: José Ronaldo

"Quando eu aluguei o espaço disseram que eu era louco. O lugar parecia que tinha sido arrasado por um tsunami. Mas eu sabia que não tinha alternativa a não ser reerguê-lo e transformá-lo no que é hoje". O clube é uma referência no que diz respeito a lazer, sustentabilidade e preocupação com o meio ambiente.

Para se ter uma ideia do trabalho realizado por lá, somente no ano passado foram produzidas pouco mais de 180 toneladas de resíduos. Destas, apenas 17 precisaram ser encaminhadas para o aterro sanitário. Todo restante foi reciclado, reutilizado ou doado para cooperativas que trabalham com a destinação correta do lixo.

O espaço de lazer possui pouco mais de 3,5 mil m² de área construída. Tudo por lá foi feito com pré-moldados. "Não colocamos um saco de cimento sequer. Aqui usamos madeira de reflorestamento e materiais que não agridam o meio ambiente".

Um dos lugares mais movimentados no clube é a cozinha. Lá são preparados os petiscos e todas as refeições servidas para os clientes. Muito do que se usa como tempero nas refeições vem da horta que fica na propriedade e que é regada com água reutilizada por lá mesmo, através de um sistema de captação. "Se você protege e cuida, você tem retorno. Uma vez, chegamos a colher uma abóbora de quase 20 quilos. Ela ficou em exposição por um bom tempo. Virou atrativo para os frequentadores", fala.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
FOTO: José Ronaldo

É compreensível que um lugar como este, que recebeu mais de 140 mil visitantes somente no ano passado tenha um consumo de energia elétrica muito alto. Mas foi pensando justamente em diminuir os impactos causados ao meio ambiente e ao bolso, que há pouco mais de 1 ano, Vanderlei decidiu inovar e fazer um novo investimento.

Ele iniciou o processo de produção de energia através dos painéis fotovoltaicos. "Atualmente, 60% da energia que consumimos aqui é produzida por nós mesmos. É um investimento que traz resultados muito positivos. Para se ter uma ideia, passamos a economizar mensalmente cerca de R$ 13 mil, ou seja, daqui a pouco mais de 2 anos eu vou conseguir pagar o que gastei somente com o que temos economizado na redução do preço da conta de luz", observa. Desde quando os painéis passaram a ser utilizados, mais de 48 toneladas de CO² deixaram de ser jogadas na atmosfera, já foram produzidos mais de 68 mil kWh de energia em mais de 5600 horas trabalhadas.

Com tanta gente circulando no local, o número de funcionários não pode ser pequeno. Se lá atrás, quando Vanderlei iniciou no ramo empregou seis trabalhadores, hoje o número passa dos 250. No momento da contratação, além do currículo e das experiências, algo essencial é levado em consideração: o lugar onde a pessoa vive.

"Temos como objetivo priorizar as pessoas da região, não por problemas de locomoção para quem mora mais distante, mas por entendermos que é necessário ajudar essa gente que vive por aqui. É importante criar oportunidade para os jovens e para tantos pais e mães de família, que podem colaborar com os nossos serviços". Turatti conta que apenas em casos realmente inevitáveis é que são contratadas pessoas de outras regiões, pois o raio de abrangência deles é de 15 km.

E por falar em valorização, não é só o funcionário local que tem vez por lá. Os artesãos alagoanos também marcam presença. No acesso ao clube, logo após a recepção, o frequentador passa propositalmente por uma lojinha onde pode encontrar uma variedade de produtos. Todos eles de origem raiz. "Nosso propósito é apresentar aos turistas as peças que são produzidas por aqui. Temos objetos vindos de diversas partes do estado. Isso é bom porque valoriza o que é nosso", avalia.

O lixo transformado em luxo

A preocupação com o meio ambiente e com a destinação correta dos resíduos aliadas à criatividade tem gerado bons resultados para o empresário. Onde muitos enxergam lixo, ele vê uma oportunidade de negócio. Uma garrafa de vidro, a depender do modelo - se de cerveja, vodka, ou whisky - pode ser transformada em objetos diversos. Não há limites para a imaginação. A única regra é evitar o desperdício.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
FOTO: José Ronaldo

Nos dados levantados pela administração do clube, eles perceberam que muitos dos resíduos gerados eram vidro. Uma garrafa de cerveja do tipo long neck é apenas uma garrafa de cerveja não é mesmo? Para Vanderlei não. Ela deixou de ser lixo e passou a ser matéria-prima para a fabricação de utensílios e elementos de decoração.

Como isso é possível? Capacitando pessoas que possam atuar nessa área e transformar os objetos. "Recrutamos seis moradores da Grota do Andrajaú e oferecemos cursos de como reaproveitar esse tipo de material. Agora, iniciamos a produção e já estamos comercializando as peças produzidas pelas Kcos, nome da empresa, responsável pela fabricação", informa.

Todos os funcionários receberam capacitações e se transformaram em microempreendedores individuais através de um processo de formalização junto ao Sebrae. Os trabalhadores recebem consultoria do órgão e auxílio de uma designer, que ajuda na concepção das peças.

"Aqui tenho aprendido coisas novas. Eu nunca imaginei que de uma garrafa de vidro fosse possível fazer essas lindas peças. Concluí os meus estudos do ensino médio recentemente, e não tinha perspectiva de trabalho, mas agora tudo mudou. Estou aqui três dias por semana e fico muito feliz e orgulhosa por produzir estas peças", contou a jovem Michelle Oliveira, 20 anos, uma das seis funcionárias da Kcos.


			
				Conheça o empresário que investiu em negócio após receber copo sujo em bar de AL
FOTO: José Ronaldo

Além de comercializar os produtos na própria loja do clube, Vanderlei pretende distribuí-los para outros pontos do estado e até do Brasil. "Em comércios do tipo showroom, essas peças farão muito sucesso. Não tenho a menor dúvida disso". Os objetos variam de R$ 3,00 a R$ 100,00, em média.

O empresário resume sua atuação com base no próprio conceito de sustentabilidade, que é o de usufruir do que a natureza oferece agora, mas de uma maneira responsável, pensando sempre nas gerações futuras.

"Quem precisa cuidar disso aqui sou eu, minha família e todos os nossos colaboradores. É daqui que tiramos nosso sustento. Seria até inconcebível não cuidar da natureza, se é ela quem nos oferece tudo o que temos. Aqui todos têm esse entendimento e esse respeito ao meio ambiente. Nossos colaboradores são capacitados para isso", afirma o empresário.

  • Casca do coco é utilizada como vaso para plantas que decoram o espaço
    Casca do coco é utilizada como vaso para plantas que decoram o espaço |
  • Vanderlei diz que valorização dos artesão alagoanos é importante
    Vanderlei diz que valorização dos artesão alagoanos é importante |
  • Turistas conhecem produtos do artesanato local
    Turistas conhecem produtos do artesanato local |
  • Objetos de decoração são feitos com garrafas de vidro
    Objetos de decoração são feitos com garrafas de vidro |
  • Matéria-prima para a produção das peças vem do próprio clube
    Matéria-prima para a produção das peças vem do próprio clube |
  • Funcionários foram capacitados para produzir peças a partir de vidros
    Funcionários foram capacitados para produzir peças a partir de vidros |
  • Após receber um copo sujo de batom, Vanderlei Turatti decidiu ingressar no ramo do turismo
    Após receber um copo sujo de batom, Vanderlei Turatti decidiu ingressar no ramo do turismo |

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