A Polícia Civil indiciou por injúria racial, nesta sexta-feira (29), os dois torcedores atleticanos, Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, e Natan Siqueira Silva, de 28, que ofenderam o segurança Fábio Coutinho no dia 10 de outubro. O caso aconteceu durante o clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, no Mineirão, em Belo Horizonte.
Também nesta sexta-feira, a perícia apontou que Natan Siqueira Silva, de 28 anos, xingou o segurança de "macaco" e não de "palhaço" como ele havia dito em sua defesa. A informação foi dada pela delegada Fabíola Oliveira.
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À época Natan negou que tenha chamado o segurança de "macaco".
"De forma alguma, tanto é que eu tenho irmão negro, tenho pessoas que cortam o meu cabelo que são negros, amigos que são negros. Isso não foi da minha índole, pelo contrário. A forma que está circulando nas redes sociais, na imprensa, que eu dirigi a palavra a ele de 'macaco', de forma alguma eu falei aquilo. A palavra direcionada foi 'palhaço' e não 'macaco'", disse.
O G1 entrou em contato com a advogada Aline Lopes Martins, que defende Natan, e, até a última atualização desta reportagem, aguardava pelo retorno.
O inquérito segue para apreciação do Ministério Público.
Excluídos do programa de sócios do Atlético-MG
Após publicações de atleticanos e cruzeirenses nas redes sociais dizendo que os suspeitos não deveriam frequentar mais o estádio. A direção do Atlético-MG informou que os dois suspeitos foram desligados do quadro de associados do Galo na Veia, programa de sócio-torcedor do clube alvinegro.
"O Clube Atlético Mineiro informa que os dois torcedores identificados pela Polícia Civil, acusados de praticar injúria racial no clássico do último domingo, pertenciam ao programa Galo na Veia, embora inadimplentes. De qualquer forma, ambos foram desligados do programa de sócio-torcedor do Clube."
Adrierre também pediu desculpas aos torcedores.
'Situação mais delicada da minha carreira', disse segurança
Um dia após o clássico, o segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, disse que viveu a situação mais delicada de sua carreira.
"A nossa intenção era barrar a ida dos atleticanos para uma área restrita, a área da imprensa, mas os atleticanos queriam passar de qualquer jeito", disse Coutinho.
Nascido no Rio de Janeiro, o segurança mora em Belo Horizonte há sete anos e adotou o Atlético-MG como time. Ele trabalha como segurança há três anos e presta serviço no Mineirão desde o início deste ano. Atuar em dia de jogo do Galo era uma alegria para ele.
"Foi triste, foi pesado demais. 'Olha sua cor, não põe a mão em mim'. Então, pela minha cor, eu sou inferior a outro ser humano?", questionou, emocionado.