O geólogo Ricardo Queiroz explicou, na manhã desta segunda-feira (5), àGazetaweb, que um estudo realizado em 2009, junto à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explica o tremor de terra ocorrido no sábado (3), em vários bairros de Maceió, e que amedrontou parte da população. Segundo o especialista, todo o solo maceioense é dotado de fissuras e ainda há a possibilidade de novos fenômenos, ainda que remota.
Por telefone, o geólogo, que é professor de Engenharia Civil do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac), explicou que um estudo sobre águas subterrâneas foi realizado com especialistas na área e os dados obtidos deram conta de que a camada subterrânea é formada por diversos sedimentos que apresentam divisões, como um jogo de quebra-cabeça espalhado.
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"O nosso solo é todo falhado, existem blocos com irregularidades, como se fossem caixas separadas há cerca de 180 milhões de anos. Esta falha vai de Norte a Sul da capital, ou seja, em alguns bairros, a separação entre as camadas sedimentares é mais acentuada, como no Pinheiro. Em decorrência disso, quando chove, a água infiltra no solo e ocorre a movimentação das caixas", relatou o geólogo, citando que a cidade está em cima de uma bacia, formada por uma grande depressão de areia e argila.
Questionado sobre a possibilidade de haver outros tremores de terra, o especialista não descarta; entretanto, afirma que é remota. Para ele, é mais difícil haver outro fenômeno em virtude da "acomodação do solo". "Nada está descartado, mas as possibilidades são mínimas. Por isso, a população não precisa ficar temerosa. Inclusive, ainda terá o resultado final do estudos realizados pelo laboratório de sismologia acerca do evento".
ESTUDOS
O governador Renan Filho (PMDB) também se pronunciou a respeito do fenômeno. Ele disse que está acompanhando detalhadamente o caso. "A Semarh [Secretaria do estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos] e o IMA [Instituto do Meio Ambiente] estão fazendo estudos detalhados para que a gente chegue a conclusões concretas do que realmente causou esses tremores. Existem algumas especulações, mas, como chefe do Executivo estadual, não gostaria de comentar especulações. Vamos aguardar o estudo técnico".
Na oportunidade, Renan declarou que, caso alguém tenha gerado o tremor, precisará ser responsabilizado. "Se alguém está causando tremor em Maceió, tem que ser duramente repreendido porque, somente assim, garantimos o pleno funcionamento do estado e a preservação ambiental que, no fundo, num caso como esse, é preservar vidas humanas".
MAGNITUDE
O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSisUFRN) confirmou que o tremor teve uma magnitude preliminar estimada em 2.5. A resposta dos estudos relacionados ao fenômeno deve ser divulgada ainda nesta segunda, segundo informou a Defesa Civil Municipal.
De acordo com as informações fornecidas pelo laboratório, o registro do tremor se deu às 14h30 do sábado, atingindo diversos bairros da capital alagoana, como Farol, Serraria, Bebedouro, Pinheiro, Jatiúca, Cruz das Almas, Feitosa e Mangabeiras.