Dois novos mestres entraram para o hall do Patrimônio Vivo de Alagoas. Foram diplomados nesta terça-feira (22), a mestre de Guerreiro Iraci Ana Bomfim de Melo, 60 anos, do município de Girau do Ponciano, e Antonio Celestino da Silva, 79 anos, pajé da tribo Xucuru-Kariri. O título dá direito a um salário mínimo vitalício. Outras 39 pessoas completam essa lista.
A seleção foi voltada para mestres e mestras que detivessem conhecimentos ou técnicas necessários para a produção e preservação de aspectos da cultura tradicional ou popular de uma comunidade nas áreas de danças e folguedos da cultura popular, literatura oral e/ou escrita, gastronomia, música, artes cênicas, artesanato, dentre outras manifestações.
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"É realmente emocionante estar aqui hoje", conta mestre Antônio. "Eu sofri muito desde criança e nunca imaginei estar diante de todas essas pessoas, sendo tão admirado. Sou humilde, mas me sinto rico, devido a essa virtude que Deus me deu e vocês conseguiram enxergar. Esse título não muda em nada o meu trabalho; meu papel foi e sempre será defender o meu povo do extermínio e genocídio, que, infelizmente ainda fazem parte da nossa realidade".
Para a mestra Iraci, o Guerreiro, que sempre se fez presente no seu cotidiano, é muito mais que um folguedo. "O Guerreiro faz parte da minha vida desde os 4 anos de idade. Mas só em 1988 comecei a mestrar, e não parei mais. O Guerreiro é minha casa, minha vida e, para que isso perdure, fiz minha parte, inserindo todos os meus filhos nessa tradição. Hoje só peço a Deus muitos anos pela frente e saúde, pois meu papel é fazer com que esse folguedo passe, cada vez mais, a fazer parte das futuras gerações", encerra.
A cerimônia de diplomação teve fim por volta do meio dia, mas a celebração continuou do lado de fora do Mupa, com apresentações do grupo de pastoril Recordar é Viver e a banda de pífano Flor do Nordeste.