Imagem
Menu lateral
Imagem
Gazeta >
Imagem
GZT 94.1 | Maceió
Assistir
Ouvir
GZT 101.1 | Arapiraca
Ouvir
GZT 101.3 | Pão de Açúcar
Ouvir
MIX 98.3 | Maceió
Ouvir
GZT CLASSIC | Rádio Web
Assistir
Ouvir
Imagem
Menu lateral Busca interna do GazetaWeb
Imagem
GZT 94.1
Assistir
Ouvir
GZT 101.1
Ouvir
GZT 101.3
Ouvir
MIX 98.3
Ouvir
GZT CLASSIC
Assistir
Ouvir
X
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas

Atividade ilegal, que coloca em risco o ecossistema do Estado, pode provocar a extinção de algumas espécies

Uma cena que tornou-se comum no dia a dia de muitas pessoas esconde um crime que pode acabar definitivamente com algumas espécies. A caça predatória de aves, tatus, bichos preguiça, cágados e outros tantos animais põe em risco o ecossistema alagoano. O combate a esse tipo de ação tem sido intensificado e, somente este ano, mais de 3 mil bichos já foram resgatados de cativeiro, alguns em situação de saúde debilitada. 

Em alguns casos, antes mesmo de abrirem os olhos, com poucas horas de nascidos, os animais são arrancados das mães e engaiolados, sendo transportados como mercadorias, de forma ilegal e precária, para serem comercializados. Aos que resistem, resta o futuro sem liberdade, a exibir a beleza de suas penugens e o canto até o último dia de vida. Ao avistar um passarinho na gaiola, desconfie. Ele pode ser vítima dessa caçada desigual, na qual o homem mede forças com bichos frágeis e indefesos.

Leia também


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Pedro Ferro

O tráfico de animais silvestres é uma das atividades ilegais mais praticadas no mundo, uma fonte de renda para muitos criminosos. Segundo o Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, o comércio ilegal que retira milhares de animais do seu habitat natural move atualmente cerca de R$ 2,5 bilhões anualmente no Brasil.

Alagoas tem contribuído para essas estatísticas, pois é grande o número de animais retirados da natureza para serem vendidos em feiras livres e mercados, em especial no interior do estado. De acordo com o Sargento Jailson, do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), no ano passado, 8.067 animais foram apreendidos, destes, 6.361 eram pássaros ou outros tipos de aves. Este ano, as estatísticas não são nada animadoras e as apreensões já passam de 3 mil.

Rota do tráfico

Ainda segundo o batalhão, 95% dos animais retirados da natureza são pássaros. O restante são pequenos mamíferos e animais que são alvos mais comuns da caça predatória em território alagoano, como o tatu, jacaré, cotia, preá, cobra, gambá e o quati - geralmente consumidos como alimentos em algunas regiões, como o Sertão de Alagoas.


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Ascom/Ibama

Aliás, é nessa localidade que começa a rota do tráfico de animais silvestres no estado, de acordo com o BPA. De lá, seguem para as outras regiões, numa rede de tráfico que abrange a maioria dos municípios de Alagoas e chega até a outros estados do país.


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Reprodução/Renctas

Durante a condução dos bichos para o comércio, eles são presos em gaiolas minúsculas, muitas vezes improvisadas e feitas de canos de PVC. Quando os animais são de pequeno porte, muitos até morrem durante a viagem.

O crime de comercializar animais não tem limites e até a internet tem sido utilizada para esse tipo de negócio. No início deste ano, um anúncio foi promovido em um site de vendas na internet, o OLX. O anunciante de Alagoas estava vendendo dois pássaros, sendo um Sanhaço e um Galo de Campina, típicos do Sertão. O criminoso deu telefone e endereço como se a venda fosse legal. Cada animal estava sendo vendido por R$ 200.


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Reprodução

De acordo com o comandante do BPA, tenente-coronel Ascânio, no início deste ano, um homem foi preso conduzindo mais de 100 pássaros em um veículo, quando se deslocava do Sertão e seguia para o litoral do estado. "Ele já havia sido preso outras vezes pelo mesmo crime. Desta vez, o levamos à Polícia Federal, onde foi autuado em flagrante. Nós apreendemos os pássaros e realizamos a soltura. Alguns estavam mortos por conta do compartimento minúsculo onde foram colocados", informou


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Pedro Ferro

Ainda segundo o comandante, o comércio ilegal também acontece na capital, que possui locais estratégicos para os compradores destes bichos. "Na maioria das vezes, as apreensões de animais em Maceió acontece nas proximidades do Mercado da Produção e também na Feirinha do Tabuleiro do Martins", ressaltou.

Em alguns casos, os animais são resgatados por pessoas comuns e não por policiais ou agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Como o caso de um tamanduá. Ele foi vítima da caça predatória ilegal e terminou ficando cego. O bicho foi conduzido ao Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), onde vive em cativeiro e tem cuidados especiais.

Pássaro em gaiola é 'natural'

Enquanto uma rede de combate ao tráfico de animais está nas ruas tentando evitar esse tipo de crime, algumas pessoas, mesmo sem saber, acabam financiando a ilegalidade e acham natural criar pássaros sem a permissão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Como o caso de um senhor que preferiu não ser identificado. Ele conta que sempre teve pássaros em casa, mas nunca se preocupou em pedir licença para criar os bichos.

"Eu vejo isso como algo natural. Crio pássaros desde menino e sou apaixonado por eles. Não maltrato, pois sou contra isso. Mas amo cuidar dos bichos porque parece que somos entendidos por eles. São meus companheiros" completou.


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Cortesia à Gazetaweb

Da mesma maneira que pessoas acham tranquilo criar os bichos em casa sem a licença do Ibama, outras encaram o consumo de animais silvestres como algo natural. O sertanejo Cammilo Santana diz que vê a caça dos bichos como algo comum. Segundo ele, consumir estes animais é algo cotidiano em sua cidade e para sua família.

"Eu moro em Palmeira dos Índios e acho normal comer carne de tatu e de preá. São carnes saborosas, que apreendi a comer desde que me entendo por gente. Já experimentei outros bichos, como o porco do mato e preguiça, mas não gostei muito. A carne do tatu é uma das mais gostosas que eu já comi", completou.

Fiscalização

A fiscalização em Alagoas acontece, geralmente, mediante denúncias. Recentemente, uma das maiores operações de combate a esse tipo de crime tem sido deflagrada pela Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco. Só no ano passado, durante a FPI, policiais do BPA apreenderam e resgataram 1.779 animais. Este ano, esse número foi ultrapassado.


			
				Na mira do tráfico: animais silvestres são alvos de caça predatória em Alagoas
FOTO: Cortesia à Gazetaweb

Após serem feitas as apreensões e o resgate do animais, eles são conduzidos ao Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), até serem reintroduzidos na natureza. Aqueles que não têm condições de voltar ao habitat natural são criados em cativeiro no Centro de triagem.

Segundo o chefe da divisão técnica ambiental do Ibama, Felipe Tenório, as práticas de tráfico de animais são enquadradas na lei de crimes ambientais. O infrator responde criminalmente e pode pagar uma multa que varia de R$ 500 a R$ 5 mil reais, por animal - a depender se o bicho está em extinção ou não.

Fim da espécie

De acordo com a bióloga e veterinária Ana Cecília, a preguiça é bastante ameaçada no Sertão do estado. "A preguiça é caçada constantemente. Os caçadores sempre matam a mãe e ficam com os filhotes. Os bichos são vendidos como pets - para serem domesticados -, e como alimentos. Apesar de ter pouca carne, muitas pessoas tiram a vida do animal para roer os ossos da costela com cachaça. Alguns bares sertanejos encaram isso de forma natural, mas na realidade é pura crueldade", desabafa.

Ainda segundo Cecília é de grande importância esses animais serem resgatados e reintroduzidos na natureza, pois o tráfico de animais contribui para a diminuição de espécies na fauna, causando o risco de extinção de muitos bichos.

Veja o vídeo com a bióloga e veterinária Ana Cecília: 

Licença ambiental

De acordo com o analista ambiental Felipe Tenório, a pessoa que cria estes animais em casa não pode realizar o registro porque o bicho foi retirado da natureza. "A possibilidade de criar um animal e registrá-lo não existe. O que é possível é comprar o animal em um criadouro autorizado e ter a regularização do bicho", completou.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na Google Play Aplicativo na App Store
Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas

X